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janeiro 04, 2017

"Um homem deitou-se crente e acordou descrente. Felizmente, havia no quarto do homem uma balança decimal médica, e ele tinha o hábito de se pesar todos os dias, de manhã e à noite. Assim, pesara-se na véspera, ao deitar, e a balança marcava 4 puds e 21 libras. Na manhã seguinte, ao acordar descrente, o homem voltou a pesar-se e a balança marcava 4 puds e 13 libras. ‹‹Daqui a conclusão: a minha fé pesava aproximadamente 8 libras››, disse o homem."

Daniil Harms (Rússia, 1905-1942) | A velha e outras histórias | Assírio&Alvim | 2007

março 05, 2015

Alexandre Farto (Vhils), Alfama, maio de 2012,

PLAY Einstürzende Neubauten - Kollaps

Caderno Azul N.º 10
     Era uma vez um homem ruivo, sem olhos nem orelhas. Também não tinha cabelos, e só por convenção lhe chamávamos ruivo.
     Não podia falar porque não tinha boca. E nariz também não.
     Nem sequer tinha braços e pernas. Também não tinha barriga, nem coluna vertebral, nem mesmo entranhas. Não tinha coisa nenhuma! Por isso pergunto de quem estamos nós a falar.
     Dessa forma é preferível nada acrescentarmos a seu respeito.

Daniil Harms, Crónicas da Razão Louca, Hiena, 1994