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dezembro 31, 2014

Cornell Capa © International Center of Photography PARAGUAY. 1955. Political prisoner.

PLAY Meredith Monk Travel Dream Song

Trânsito
Mas quanto tempo e quando
ficávamos ali vogando
em brancas nuvens do esquecimento?

Fechávamos os livros
que lêramos ou fizéramos
e as taças que não bebêramos partíamos.
Numa agonia de ecos
os risos se calavam
e sacavam-se os prantos.
E os violinos adormeciam
sobre divãs de flores pálidas e murchas
que surgiam
nos recantos
daquela sala estepe oceano
ou monte anode estávamos
sob uma luz de estrelas moribundas
fatais pulverizando o nosso barro humano.

As dores e as misérias,
sempre guerreiras e instantes,
mesmo quando adormecidas,
despertavam cansadas
e ficavam por terra palpitantes...

Seguíamos, voltávamos, seguíamos
em indomáveis ziguezages lentos,
para nunca chegarmos,
pois chegar
era a absurda ameaça de um vazio
entre dois pensamentos!

Mas quanto tempo e quando?

E cerrando-se no ar,
sempre mais uma vez,
a cegueira das imagens,
o silêncio crepitante da surdez:
-os gritos paralisados da memória
clamando em vão por uma História!

Edmundo de Bettencourt, Poemas de, Assírio&Alvim

setembro 21, 2014

Edmundo de Bettencourt

©Chris Steele-Perkins
Japan. Tokyo. Virtual Reality helmets. Tokyo motor show
PLAY Eddie Vedder - Guaranteed


A máquina prisioneira

A máquina acabava o dia a mastigar
e aos poucos os dentes lhe caíam
perdendo-se na espuma do ar negro,
ondulante, da fábrica.

Um desejo insubmisso
de cercar os átomos gigantes
vinha encher um braço
donde surgia um corpo
lacerado
sangrento!
e donde surgia um braço
cheio de sangue novo
que libertava a máquina!

A sorrir desdentada
a máquina adormecia...

Edmundo de Bettencourt, Poemas de Edmundo de Bettencourt, 

Assírio & Alvim


Guaranteed

On bended knee is no way to be free
Lifting up an empty cup, I ask silently
All my destinations will accept the one that's me,
So I can breathe...

Circles they grow and they swallow people whole
Half their lives they say goodnight to wives they'll never know
A mind full of questions, and a teacher in my soul
And so it goes...

Don't come closer or I'll have to go
Holding me like gravity are places that pull
If ever there was someone to keep me at home
It would be you...

Everyone I come across, in cages they bought
They think of me and my wondering, but I'm never what they thought
I've got my indignation, but I'm pure in all my thoughts
I'm alive...

Wind in my hair, I feel part of everywhere
Underneath my being is a road that disappeared
Late at night I hear the trees, they're singing with the dead
Overhead...

Leave it to me as I find a way to be
Consider me a satellite, forever orbiting
I knew all the rules, but the rules did not know me
Guaranteed