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julho 03, 2015

©Francesca Woodman- House #3, Providence, Rhode Island, 1976


Imagino um Corpo edificante,
louca inocência consentida:
mecânica pura,
engrenagem de corpo:
corpo a corpo
talhada.

Imagino um verbo,
e um poema:
O-poema inscrito,
espelho-Corpo,
Corpo-ricochete
queda amparada.

Imagino
um Corpo,
um tempo,
uma palavra,
uma voz infantil:
    [onde o crepúsculo não se esgote.]

março 28, 2015

©raquelsav.Lodz.2015
PLAY Zbigniew Preisner Lament (Lisa Gerrard)

Encenamos despedidas,
enquanto falamos por línguas de fogo,
línguas da boca para dentro,
exercícios extremos de lugar
ou tão somente de silêncio.

Insistimos nessa espécie de tempo falado,
um tempo oral das coisas que não se dizem,
subindo, como quem resvala,
por degraus que se afunilam,
inclinados sobre si.
Somos cada degrau
e o peso do desenho do pé,
a marca incerta que calca o chão morto.
Por isso, tocamos a pintura na (im)perfeição do traço,
entre pormenores fractais e borrões tolhidos,
carimbo rudimentar de tinta chinesa e permanente.

Construímos o tempo no uso dos pronomes interrogativos,
mas abominamos a senda dos pontos de interrogação.
Somos o quê da matéria que não fala,
que habita muito acima do porquê,
razão pura de hierarquia.
Por isso,
enquanto falamos por línguas de fogo, 
comungamos do nosso tempo - 
como extensas vítimas do silêncio.