PLAY A Naifa | Émulos
|Assim repito o nome e sinto ainda o incêndio no rosto :|| paul celan |Porque é com nomes que alguém sabe | onde estar um corpo| por uma ideia, onde um pensamento | faz a vez da língua.| herberto helder
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novembro 07, 2015
PLAY Naifa Subida aos céus
Ser adorada mesmo assim
Careca, nua e descarnada
Engano de alma ledo e cego
Ó linda Inês posta em sossego imortal
Diz adeus
Com perfumes a presa fácil
Com joias casacos de peles
Gosto do amor quando é difícil
E cheira ao meu hálito reles
Quero ser amada à flor da pele
Não quero peles de vison
Amada p'lo sabor a mel
Não pela cor do baton
Engano de alma ledo e cego
Ó linda Inês posta em sossego imortal
Diz adeus
Com cabeleira a presa fácil
Há quem se esconda atrás dos pelos
Gosto do amor quando é difícil
De ser amada sem cabelos
Quero que me beijem a caveira
E o meu ossinho parietal
Que se afoguem na banheira
Pelo meu belo occipital
Engano de alma lego e cego
Ó linda Inês posta em sossego imortal
Diz adeus
Com carne viva a presa fácil
É ordinário e absoleto
Gosto do amor quando é difícil
Quando me aquecem o esqueleto
Quero ser amada pela morte
E p'los meus ossos de luar
Quero que os cães da minha corte
Passem as noites a ladrar
Engano de alma ledo e cego
Ó linda Inês posta em sossego imortal
Diz adeus
Sobe aos céus
Sobe aos céus
Quero ser amada só por mim
E não por andar enfeitada
Ser adorada mesmo assim
Careca, nua e descarnada"
"Quero ser amada só por mim
E não por andar enfeitadaSer adorada mesmo assim
Careca, nua e descarnada
Engano de alma ledo e cego
Ó linda Inês posta em sossego imortal
Diz adeus
Com perfumes a presa fácil
Com joias casacos de peles
Gosto do amor quando é difícil
E cheira ao meu hálito reles
Quero ser amada à flor da pele
Não quero peles de vison
Amada p'lo sabor a mel
Não pela cor do baton
Engano de alma ledo e cego
Ó linda Inês posta em sossego imortal
Diz adeus
Com cabeleira a presa fácil
Há quem se esconda atrás dos pelos
Gosto do amor quando é difícil
De ser amada sem cabelos
Quero que me beijem a caveira
E o meu ossinho parietal
Que se afoguem na banheira
Pelo meu belo occipital
Engano de alma lego e cego
Ó linda Inês posta em sossego imortal
Diz adeus
Com carne viva a presa fácil
É ordinário e absoleto
Gosto do amor quando é difícil
Quando me aquecem o esqueleto
Quero ser amada pela morte
E p'los meus ossos de luar
Quero que os cães da minha corte
Passem as noites a ladrar
Engano de alma ledo e cego
Ó linda Inês posta em sossego imortal
Diz adeus
Sobe aos céus
Sobe aos céus
Quero ser amada só por mim
E não por andar enfeitada
Ser adorada mesmo assim
Careca, nua e descarnada"
fevereiro 20, 2015
![]() |
©Nikos Economopoulos.
Euboea island. Gipsy girls dressed up for the feast of St. John. 1997
|
novembro 19, 2014
![]() |
©Antoine D'Agata |
(...)
Eu que me comovo
Por tudo e por nada
Deixei-te parada
Na berma da estrada
Usei o teu corpo
Paguei o teu preço
Esqueci o teu nome
Limpei-me com o lenço
Olhei-te a cintura
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num bosque de faias
De mala na mão
Nem sequer falaste
Nem sequer beijaste
Nem sequer gemeste
Mordeste, abraçaste
Quinhentos escudos
Foi o que disseste
Tinhas quinze anos
Dezasseis, dezassete
Cheiravas a mato
À sopa dos pobres
A infância sem quarto
A suor a chiclete
Saíste do carro
Alisando a blusa
Espiei da janela
Rosto de aguarela
Coxa em semifusa
Soltei o travão
Voltei para casa
De chaves na mão
Sobrancelha em asa
Disse: “fiz serão”
Ao filho e à mulher
Repeti a fruta
Acabei a ceia
Larguei o talher
Estendi-me na cama
De ouvido à escuta
E perna cruzada
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
Teu corpo parado
Na berma da estrada
Eu que me comovo
Por tudo e por nada
António Lobo Antunes