Mostrar mensagens com a etiqueta *Orson Welles. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta *Orson Welles. Mostrar todas as mensagens

agosto 07, 2015


fotograma de Citizen Kane de Orson Welles (1941)
"- Eu recordo-me de absolutamente tudo, jovem. É a minha maldição. É uma das maiores maldições infligidas ao homem: a sua memória. Eu fui o seu maior amigo, e comigo ele comportava-se como um porco. Não que Charlie fosse grosseiro. Mas ele fazia grosserias. Talvez não tenha sido seu amigo. Mas, se não fui, ninguém foi. TaIvez eu tenha sido a sua escada.
- O senhor ia falar sobre Rosebud.
- Você tem um bom charuto? Há aqui um médico jovem que acha que vou parar de fumar.
- Não tenho, sinto muito.
- Eu mudei de assunto. Que velho desagradável eu me tornei! Você é jornalista e quer saber a minha opinião sobre Charlie Kane. Bom, creio que ele tinha alguma grandeza interior... mas guardou-a para si. Ele nunca se entregava, nunca dava coisa alguma... apenas te deixava uma gorjeta. EIe tinha uma mente generosa. Nunca vi ninguém com tantas opiniões! Mas nunca acreditou em nada, exceto em Charlie Kane. Nunca teve uma convicção na vida, excepto Charlie Kane. Acho que morreu sem nenhuma. Deve ter sido desagradável. Claro, nós morremos sem saber o que é a morte, mas sabemos o que estamos a deixar, acreditamos em algo. Você não tem mesmo um charuto?
- Desculpe, Sr. Leland.
- Tudo bem.

Leland & Thompson, "Citizen Kane" (1941) de Orson Welles