Mostrar mensagens com a etiqueta ©Angela Bacon-Kidwell. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ©Angela Bacon-Kidwell. Mostrar todas as mensagens

dezembro 10, 2015

©Angela Bacon-Kidwell



"Preciso de medir a casa. Os quartos, um a um: comprimento, largura, pé-direito. Avaliar a superfície entregue à névoa e os seus pontos frágeis (janelas, portas e postigos). Conhecer melhor o brilho da cera delida ou a sombra que se oculta nas galerias de caruncho; e o pó, as manchas de humidade nos tectos, a serradura interior da madeira. Numa tarde assim, tão cheia de água, registar ainda o fino diapasão das goteiras, a pouca transparência lá de fora, cada vez mais turva: como absorve ela o murmúrio dos móveis?"

Carlos de Oliveira (1978)
Finisterra: Paisagem e povoamento, Sá da Costa, 1979

novembro 07, 2015



©angela_bacon_kidwell_02
"Hey, honey
Take a walk on the wild side"


PLAY Lou Reed Walk on the Wild Sid

junho 03, 2015


PLAY Samuel Úria e Manel Lenço Enxuto

Verdade: espelho que dói sem meia medida.

abril 19, 2015


A   P   A   R   Ê  N   C   I    A

rima com

D   E   S   I   S   T   Ê  N   C   I    A

foto © Angela Bacon Kidwell Somewhere down the roads                            PLAY Bat for Lashes Trophy

abril 15, 2015

©Angela Bacon-Kidwell | Fade to Black 

                     
                  3
Fica dentro de mim, como se fosse
eterno o movimento do teu corpo,
e na carne rasgada ainda pudesse
a noite escura iluminar-te o rosto.
No teu suor é que adivinho rastro
das palavras de amor que não disseste,
e no teu dorso nu escrevo o verso
em pura solidão acontecido.
Transformo-me nas coisas que tocaste,
crescem-me seios com que te alimente
o coração demente e mal fingido;
depois serei a forma que deixaste
gravada a lume com sabor a cio
na carícia de um gesto fugidio.

António Franco Alexandre,
Duende, Assírio & Alvim, 2002

abril 11, 2015

©Angela Bacon-Kidwell | Yangzhou Chimera
SEM BRILHO, LEVADO
todo para dentro, o olhar:

A sombra
dupla que um dia fui
divide-se
em duas, erguem-se
as alas da noite - agora vai,
palavra que estiveste tempo de mais no mundo, rola,
sai -

Com os olhos de uma criança, com
os olhos da sua mãe
encontro eu a minha segunda,
a minha primeira
janela.

Paul Celan, A morte é uma flor, Edições Cotovia, 1998

abril 10, 2015


©Angela Bacon-Kidwell | Traveling Dream


QUANDO A DISTANTE
prata, rondada
também pelo voo dos homens, sem
chegar entrava,
redonda,
e nos olhava com olhos de olhar:

então
a palavra dor era uma taça de onde
subia ao nosso encontro a palavra
alegria - subia,
subia e passava por nós, subia
até nós dois, sob
o telhado,
até à cama onde a noite, 
mestra
dos nossos corpos, esperava silenciosa, o seu
fundo, negro como o coração, cheio
da manhã.

Paul Celan, A morte é uma flor, Edições Cotovia, 1998