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agosto 12, 2015

"Não será que a tendência recente dos websites "-cam", que consubstanciam a lógica de A vida em Directo (nestes websites, podemos seguir continuamente um acontecimento ou o que se passa num dado local: a vida de uma pessoa em sua casa, a vista de uma rua, etc.), revela esta mesma necessidade urgente do Olhar fantástico do Outro, como garantia da existência do sujeito? "Só existo na medida em que sou olhado constantemente..." (Como observa Claude Lefort, um fenómeno semelhante é o do aparelho de televisão que está ligado em permanência, mesmo quando ninguém está a ver, isto serve como garantia mínima de existência de um elo social). Assim, estamos na situação da inversão tragicómica da noção orwelliana-benthamiana da sociedade panóptica, na qual somos (potencialmente) "observados durante todo o tempo" e não temos lugar onde não possamos esconder do olhar omnipresente do Poder: aqui, a ansiedade surge perante a perspectiva de não se estar exposto em permanência ao olhar do Outro. O sujeito precisa do olhar da câmara como uma espécie de garantia ontológica da sua existência..."

Slavo Žižek (2005)
Lacrimae Rerum,  Orfeu Negro, 2013