A trick photograph of a man holding his own head | 1875 | via George Eastman House Collection
“Quando
estiveres cansado de olhar uma flor, uma criança, uma pedra, quando estiveres
cansado ou distraído de ouvir um pássaro a explicar o ser, quando te não
intrigar o existirem coisas e numa noite de céu limpo nenhuma estrela te
dirigir a palavra, quando estiveres farto de saberes que existes e não souberes
que existes, quando não reparares que nunca reparaste no azul do mar, quando
estiveres farto de querer saber o que nunca saberás, se nunca o amanhecer
amanheceu em ti ou já não, se nunca amaste a luz e só o que ela ilumina, se
nunca nasceste por ti e não apenas pelos que te fizeram nascer, se nunca
soubeste que existias mas apenas o que exististe com esse existir, quando, se
–, porque temes então a morte, se já estás morto?"
Vergílio Ferreira | Pensar | Amadora, Bertrand | 1992 | p.263