Mostrar mensagens com a etiqueta #Paul.Éluard. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta #Paul.Éluard. Mostrar todas as mensagens

outubro 23, 2015

©Irving Penn ultra penn dancer

MARINHA MARINHEIRA MARESIA

Eu olho para ti e o sol torna-se maior
Vai em breve cobrir-nos  o dia
Desperta com o coração e a coloração em mente
Para dissipar o mal da noite

Eu olho para ti tudo está reduzido à sua expressão mais simples
Lá fora a fundura não é muita para os barcos
É preciso dizer tudo em poucas palavras
Quando não há amor o mar dá frio

É o começo do mundo
As vagas vão embalar o céu
E tu embalas-te nos teus lençóis
Puxas o sono para o teu lado

Acorda para que eu possa seguir-te os passos
Tenho um corpo para t'esperar p'ra ir atrás de ti
Das portas da aurora às portas da sombra
Um corpo para passar a vida a fazer-te amor

Um coração para sonhar do lado de fora do teu sono.

Paul Éluard (1963)
Últimos poemas de amor, Relógio d'Água, 2002

fevereiro 08, 2015

©Martine.Franck


PLAY
 
La espiral eterna played by Leo Brouwer


E UM SORRISO

A noite nunca acaba
Há sempre pois que o digo
Pois que o afirmo
No extremo da mágoa uma janela aberta
Uma janela iluminada
Há sempre um sonho de guarda
Um desejo a cumular
Fome a satisfazer
Um coração generoso
Uma mão estendida uma mão aberta
Uns olhos atentos
Uma vida a se repartir a vida.

Paul Éluard Últimos Poemas de Amor,  Relógio d'Água, 2002

janeiro 23, 2015

©HU. 2010
http://huportfolio.weebly.com/
PLAY Rui Veloso - Não queiras saber de mim

No Exílio

Está triste explora
A dúvida que tem sobre a sua realidade aos olhos de um outro
Planta maior no banho
Vegetal elaborado trigueira ou loura
Na extrema flor da cabeça
A sua permanente nudez

Os seus seios de favores recusados
Um riso nos cabelos de cítiso

Entre as árvores
A tempestade que protege os seus

Quebra os caules da luz

É ela é também a tempestade
Que distribui armas desastradas
Às ervas aos insectos
Aos últimos calores
Os fumos do outono
As cinzas do inverno

Deixou de ser rara a pérola negra
O desejo e o tédio fraternizam
Carrossel das manias
Tudo é esquecido
Nada é sacrificado
O odor dos escombros persiste

De olhos fechados é ela toda inteira.

Paul Éluard Últimos poemas de amor, Relógio D'Água, 2002
(Trad. Maria Gabriela Llansol)