outubro 23, 2015

©Irving Penn ultra penn dancer

MARINHA MARINHEIRA MARESIA

Eu olho para ti e o sol torna-se maior
Vai em breve cobrir-nos  o dia
Desperta com o coração e a coloração em mente
Para dissipar o mal da noite

Eu olho para ti tudo está reduzido à sua expressão mais simples
Lá fora a fundura não é muita para os barcos
É preciso dizer tudo em poucas palavras
Quando não há amor o mar dá frio

É o começo do mundo
As vagas vão embalar o céu
E tu embalas-te nos teus lençóis
Puxas o sono para o teu lado

Acorda para que eu possa seguir-te os passos
Tenho um corpo para t'esperar p'ra ir atrás de ti
Das portas da aurora às portas da sombra
Um corpo para passar a vida a fazer-te amor

Um coração para sonhar do lado de fora do teu sono.

Paul Éluard (1963)
Últimos poemas de amor, Relógio d'Água, 2002