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agosto 17, 2015

"E no entanto é verdade, faço aqui uma pergunta de todo escusada - o que vale mais: uma felicidade barata ou um sofrimento sublime? Caramba, o que vale mais? "

Fiódor Dostoiévski [1864]
Cadernos do Subterrâneo, Assírio&Alvim, 2000

agosto 13, 2015


Paul (Pal Funk) Angelo -Vilma Banky, 1920s
PLAY Peixe Pêndulo


"todas as pessoas e personalidades espontâneas são activas precisamente porque são lorpas e limitadas. (...) como consequência de serem limitadas, tomam as causas superficiais e secundárias por causas primeiras, desta maneira se convencendo mais fácil e prontamente do que os outros que acharam fundamento indefectível para as suas acções, e isso sossega-as; e é isso o  mais importante, o sossego. Porque, para se começar a agir, é necessário estar-se prévia e completamente em sossego e que não existam já dúvidas nenhumas. Então, e eu, por exemplo, como hei-de sossegar-me? Onde tenho eu causas primeiras em que me baseie, onde estão os fundamentos? Onde arranjá-los? Exercito-me no raciocínio e, como consequência, para mim qualquer causa primeira arrasta consigo uma outra, ainda mais primeira, e assim por diante até ao infinito. "

Fiódor Dostoiévski [1864]
Cadernos do Subterrâneo, Assírio&Alvim, 2000

agosto 12, 2015

"O homem gosta de criar e de construir caminhos, é indiscutível. Mas por que gosta também apaixonadamente da destruição e do caos? (...) Não será possível que o homem goste da destruição e do caos porque tem um medo instintivo de alcançar o objectivo e concluir a construção do edifício? Talvez só de longe goste do edifício e não de perto. Talvez apenas goste de construí-lo e não de viver nele, oferecendo-o, depois, aux animaux domestiques, ou seja, às formigas, aos carneiros, etc., etc. Quanto às formigas, essas têm outros gostos. Têm um só admirável edifício deste género, indestrutível- o formigueiro. "

Fiódor Dostoiévski [1864]
Cadernos do Subterrâneo, Assírio&Alvim, 2000

agosto 08, 2015

©Shomei Tomatsu, Morning Light and an Organ Bach, Tokyo, 1971
"Solenemente vos digo: eu quis insecto, reiteradas vezes. E nem disso tive a honra. Meus senhores, garanto-vos que ter consciência muito desenvolvida é uma doença, uma doença no verdadeiro sentido do termo. A vida quotidiana contentava-se já bem demais com a consciência normal, ou seja, uma consciência inferior a metade ou três quartos da que é apanágio do homem evoluído do nosso desgraçado século XIX, de um homem que tivesse, para cúmulo, a especial infelicidade de viver em Petersburgo, a cidade mais abstracta e mais premeditada do planeta."

Fiódor Dostoiévski [1864]
Cadernos do Subterrâneo, Assírio&Alvim, 2000

agosto 05, 2015

"Dantes era funcionário, agora já não. Era um funcionário mau. Grosseirão, era um gozo para mim sê-lo. Não aceitava luvas, estais a ver, tinha de ter a minha compensação - nem que fosse dessa maneira. (...). Às vezes os requerentes chegavam-se à minha mesa para uma informação, eu rangia os dentes è laia de resposta e sentia um gozo insaciável quando conseguia pô-los aflitos. Conseguia-o quase sempre. Eram quase todos uns encolhidos- pois, requerentes."

Fiódor Dostoiévski [1864]
Cadernos do Subterrâneo, Assírio&Alvim, 2000