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©Christopher Anderson VENEZUELA. Caracas. 2006. Reflection in window in Altamira |
Um sorriso caiu na relva.
Irrecuperavelmente!
E como irão perder-se
As tuas danças nocturnas. Na matemática?
Tão puros saltos e espirais-
Certamente viajam
Eternamente pelo mundo, não hei-de ficar
Despida de belezas, o dom
Do pequeno sopro, o cheiro
A terra molhada, lírios, lírios.
A sua carne não aguenta aproximações.
Frios vincos de um ego, o narciso,
E o tigre que se embeleza a si próprio-
Sinais e uma chuva de pétalas de fogo.
Os cometas
Têm um espaço tão grande a atravessar
Tanta frieza, esquecimento,
Assim se esfumam teus gestos -
Calorosos e humanos, depois a sua luz rosa
A sangrar e a pelar
Entre as negras amnésias do céu.
Por que me dão
Estas luzes, estes planetas
Caindo como bênçãos, como línguas de luz
De seis pontas, brancas
Nos meus olhos, lábios, cabelo
Ao tocarem desfazem-se.
Em lugar nenhum.
Sylvia Plath, Ariel, Relógio D'Água, 1996