Há palavras que não dizemos
e que pomos sem dizê-las nas coisas.
E as coisas guardam-nas,
e um dia respondem-nos com elas
e salvam-nos o mundo,
como um amor secreto
em cujos dois extremos
há uma só entrada.
Não haverá uma palavra
dessas que não dizemos
que tenhamos colocado
sem querer no nada?
******************************O ser começa entre as minhas mãos de homem.O ser,todas as mãos,qualquer palavra que se diga no mundo,o trabalho da tua morte,Deus, que não trabalha.
Mas o não ser também começa entre as minhas mãos de homem.
O não-ser,todas as mãos,a palavra que se diz fora do mundo, as férias da tua morte,a fadiga de Deus,a mãe que nunca terá filho,meu não morrer ontem.
Mas as minhas mãos de homem onde começam?
Roberto Juarroz | Poesia Vertical | Campo das letras| 1998
Há palavras que não dizemos
e que pomos sem dizê-las nas coisas.
E as coisas guardam-nas,
e um dia respondem-nos com elas
e salvam-nos o mundo,
como um amor secreto
em cujos dois extremos
há uma só entrada.
Não haverá uma palavra
dessas que não dizemos
que tenhamos colocado
sem querer no nada?
e que pomos sem dizê-las nas coisas.
E as coisas guardam-nas,
e um dia respondem-nos com elas
e salvam-nos o mundo,
como um amor secreto
em cujos dois extremos
há uma só entrada.
Não haverá uma palavra
dessas que não dizemos
que tenhamos colocado
sem querer no nada?
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O ser começa entre as minhas mãos de homem.
O ser,
todas as mãos,
qualquer palavra que se diga no mundo,
o trabalho da tua morte,
Deus, que não trabalha.
Mas o não ser também começa entre as minhas mãos de homem.
O não-ser,
todas as mãos,
a palavra que se diz fora do mundo,
as férias da tua morte,
a fadiga de Deus,
a mãe que nunca terá filho,
meu não morrer ontem.
Mas as minhas mãos de homem onde começam?
Roberto Juarroz | Poesia Vertical | Campo das letras| 1998
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A PALAVRA HOMEMA palavra Homem, como vocábulono lugar que é o seuno dicionário Morais:entre hombridade e homenagem.
A cidadevelha e nova,muito animada, com árvorestambéme carros, aqui
ouço a palavra, o vocábuloouço-o muitas vezes aqui, podiadizer em que bocas, podia começara contá-las.
Onde não há amor
não pronuncies essa palavra.
Johannes Bobrowski | Sinais de tempo in Como um Respirar- Antologia poética | Edições Cotovia| 1990
não pronuncies essa palavra.
Johannes Bobrowski | Sinais de tempo in Como um Respirar- Antologia poética | Edições Cotovia| 1990