Enfim temos
as duas mãos cheias de luz -
as estrofes da noite, as agitadas
águas batem de novo nas orlas
da margem, no sono cru,
sem olhos, dos animais no canavial
depois do abraço - então
voltamo-nos para a encosta
lá fora, contra o céu
branco que desce
frio sobre o
monte, a cascata de brilhos,
e cristaliza, gelo,
como caído de estrelas.
Na tua fronte
quero viver o pequeno
tempo, esquecido, deixar
passar silencioso
o meu sangue pelo teu coração
Einmal haben
wir beide Hände voll Licht -
die Strophen der Nacht, die bewegten
Wasser treffen den Uferrand
wieder, den rauhen, augenlosen
Sclaf der Tier im Schilf
nach der Umarmung - dann
stehen wir gegen den Hang
draußen, gegen den weißen
Himmel, der kalt
über den Berg
kommt, die Kaskade Glanz,
und erstarrt ist, Eis,
wie con Sternen herab
Auf deiner Schläfe
will ich die kleine Zeit
lebeb, vergeßlich, lautlos
wandern lassen
mein Blut durch dein Herz.
Johannes Bobrowski (1917 - 1965) | Como um respirar - antologia poética | 1990 | Edições Cotovia |Tradução João Barrento