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©Hans_Baumgartner | Limmatquai in Zürich | 1938 |
Com o homem começa o invisível.
Rui Costa (1972 - 2012) | Mike Tyson para principiantes: antologia poética | 2022 | Assírio & Alvim
|Assim repito o nome e sinto ainda o incêndio no rosto :|| paul celan |Porque é com nomes que alguém sabe | onde estar um corpo| por uma ideia, onde um pensamento | faz a vez da língua.| herberto helder
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©Hans_Baumgartner | Limmatquai in Zürich | 1938 |
Rui Costa (1972 - 2012) | Mike Tyson para principiantes: antologia poética | 2022 | Assírio & Alvim
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©Edouard Adelot | 1906 | Léffort |
PLAY Fausto Bordalo Dias | A memória dos dias
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©raquelsav | 2007 | Ponte das 3 Entradas |
PLAY Fausto: Aproximação à Terra + E Fomos Pela Água do Rio
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©raquelsav | 20 novembro 2022 | Aula Magna |
©raquelsav | 2023 | Lagoa de Maiorca |
Olhamos tudo em silêncio na linha da praia
De olhos na noite suspensos do céu que desmaia;
Ai lua nova de Outubro, trazes as chuvas e ventos,
A alma a segredar, a boca a murmurar tormentos!
Descem de nuvens de assombro taínhas e bagres
Se as aves embalam os peixes em certos milagres;
Levita-se o corpo da alma, no choro das ladainhas,
Na reza dos condenados, nas pragas dos sitiados,
Na ilha dos ladrões, quem sai?
E leva este recado ao cais:
São penas, são sinais. Adeus.
Livra-me da fome que me consome, deste frio;
Livra-me do mal desse animal que é este cio;
Livra-me do fado e se puderes abençoado
Leva-me a mim a voar pelo ar!
Como se houvesse um encanto, uma estranha magia,
O sol lentamente flutua nas margens do dia.
Despe o meu corpo corsário, seca-me a veia maruja,
Morde-me o peito aos ais, das brigas, dos punhais,
Da ilha dos ladrões, quem sai?
E leva este recado ao cais:
São penas, são sinais. Adeus.
Andamos nus e descalços, amantes, sedentos
Se o véu da noite se deita na curva do tempo.
Ai lua nova de Outubro,
Os medos são medos das chuvas e ventos,
Da alma a segredar, da boca a murmurar
Adeus
Fausto Bordalo Dias
©raquelsav |
Quando eu morrer
Não me dêem rosas
Mas ventos
Quero as ânsias do mar
Quero beber a espuma branca
Duma onda a quebrar
E vogar
Ah, a rosa dos ventos
A correrem na ponta dos meus dedos
A correrem, a correrem sem parar.
Onda sobre onda infinita como o mar.
Como o mar inquieto
Num jeito
De nunca mais parar.
Por isso eu quero o mar.
Morrer, ficar quieto,
Não.
Oh, sentir sempre no peito
O tumulto do mundo
Da vida e de mim.
E eu e o mundo.
E a vida.
Oh mar
O meu coração
Fica para ti
Para ter a ilusão
De nunca mais parar
Fausto Bordalo Dias
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©MC Escher |