julho 01, 2024

Aceno ao barco que vai rio acima

 

©raquelsav | 20 novembro 2022 | Aula Magna

PLAY Fausto Bordalo Dias | Quando eu morrer

Quem esteve na Aula Magna em 2022, sabe que a despedida física, ao homem, começou, se não antes, ali. Uma luta desleal entre um homem frágil e a sua obra imensa, uma luta titânica. O choro foi colectivo, entre a emoção e eco da obra e a saudade de um homem que embora não tivesse partido, já se abeirava de um barco em saída. Mas fomos todos, rio acima, com ele nessa celebração, nesse embalo.
O barco, que saiu rio abaixo, chegou hoje ao mar, para navegar, navegar, sempre à vista, discretamente como sempre, mas à vista.


Quando eu morrer 
Não me deem rosas 
Mas ventos 
Quero as ânsias do mar 
Quero beber a espuma branca
De uma onda a quebrar 
E vogar  
Quando eu morrer
Não me deem rosas (x)
Ah, a rosa dos ventos 
A correrem na ponta dos meus dedos 
A correrem, a correrem sem parar 
Onda sobre onda infinita como o mar 
Como o mar inquieto 
Num jeito de nunca mais parar 
Por isso eu quero o mar 
Morrer, ficar quieto, não  
Ó, sentir sempre no peito 
O tumulto do mundo 
Da vida e de mim 
E eu e o mundo 
E a vida Ó mar 
O meu coração fica para ti 
Para ter a ilusão 
De nunca mais parar”  
Fausto Bordalo Dias