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janeiro 28, 2025


©raquelsav |  2020
"E se depois 
O sangue ainda correr 
Corre atrás dele 
E se depois 
O fogo te perseguir 
Aquece-te nele(...)
Mão Morta
O rosto perdeu a face e declina ao ritmo do sol se pôr.
Não é justa a luta. O rosto não é como a noite, que renasce a cada dia.

A luz da lua, 
tampouco abrilha os seus contornos,
ou testemunha os seus silêncios,
que nada definem.

O sono inquieto, interrompido por incessantes vozes,
não se deixa embalar por mantras ou sussurros longínquos.

A cada músculo tolhido, 
uma palavra afogada, uma expressão de nado morto,
a quem roubaram a energia de provir. 

O rosto não perece mas, encanecido, deve a múltiplas chagas antigas o assombro de persistir.


outubro 13, 2024

©raquelsav | outubro 2024

PLAY Nick Cave & The Bad Seeds | Push the sky away


Os mestres da infância, desprendem os pés do chão.
Sobem, hábeis, as escadas para o céu, 
sem sentir o rigor dos degraus.
No auge da subida, 
erigem pináculos imaginários 
e sustentam as nuvens na cabeça.
Observá-los, 
não é diferente de respirar o ar que é puro,
e esquecer que o grave que nos assiste
nos habituou a empurrar o céu para longe.

julho 01, 2024

 

©raquelsav | 2007 | Ponte das 3 Entradas

PLAY Fausto: Aproximação à Terra + E Fomos Pela Água do Rio

creio-nos em almas escancaradas
de jangada que toma de assalto as ternuras e delícias que flutuam na desconjuntada periferia do tempo

como se ali estivessem estado sempre,
as ternuras e delícias,
revistas no tempo de sempre
em escassos cinco minutos 
                    (dos nossos)
mas não! 
terão passado quatro. ou teriam sido cinco mil? 
daquela unidade de tempo maior 
medida pela dança da Terra à volta do Sol
     [sim, confirmei no Google a definição de um ano 
                                           (dos homens)]
o tempo é-nos sempre tão confuso 
a memória comum e a arqueologia dos dias de agora estão guardadas na magia de um clique
talvez à matéria das almas escancaradas não lhe assista factos tão perfeitamente inúteis

mas só podem ter sido quatro, ou teriam sido cinco mil?
unidades de tempo maior, condensadas num minuto 
                                         (do nosso encontro)

preciso-nos em almas escancaradas de gigante
sem garantir que o trajeto da nossa luz ao vazio se faça em porções de 1/299792458 de segundo ou em qualquer outra fração

perfeitamente maiores, seremos, pois,
nos passos do nosso encontro
à razão de sermos próximos das coisas que não se tocam,
feitos em pormenores do reflexo das árvores concretas
que flutuam e descansam nas águas do rio
na perfeita liberdade de ser-plano
                         (à tona do mundo de Edwin Abbott)

creio-nos em almas escancaradas
tão claras e distintas de detalhes
na complexidade que se esbate nas coisas planas e mágicas
em plena liberdade de existência

foge-nos o vício 
da morbidez 
         (da que os homens se habituaram a querer viver)
e escolhemos a matéria etérea e fugaz para existir
em almas escancaradas ao sabor e aroma do perfume das chuvas

esgueiramo-nos, sensíveis, aos toques ímpios na água 
                 (os que dissolvem a magia da revelação)
e somos de tal infinitas maneiras
que só o poema nos poderá eternizar.

sim, creio-nos em poesia! 
sim, creio!

PLAY Fausto: O perfume das Chuvas

(Raquel, 1.março.2014)

Aceno ao barco que vai rio acima

 

©raquelsav | 20 novembro 2022 | Aula Magna

PLAY Fausto Bordalo Dias | Quando eu morrer

Quem esteve na Aula Magna em 2022, sabe que a despedida física, ao homem, começou, se não antes, ali. Uma luta desleal entre um homem frágil e a sua obra imensa, uma luta titânica. O choro foi colectivo, entre a emoção e eco da obra e a saudade de um homem que embora não tivesse partido, já se abeirava de um barco em saída. Mas fomos todos, rio acima, com ele nessa celebração, nesse embalo.
O barco, que saiu rio abaixo, chegou hoje ao mar, para navegar, navegar, sempre à vista, discretamente como sempre, mas à vista.


Quando eu morrer 
Não me deem rosas 
Mas ventos 
Quero as ânsias do mar 
Quero beber a espuma branca
De uma onda a quebrar 
E vogar  
Quando eu morrer
Não me deem rosas (x)
Ah, a rosa dos ventos 
A correrem na ponta dos meus dedos 
A correrem, a correrem sem parar 
Onda sobre onda infinita como o mar 
Como o mar inquieto 
Num jeito de nunca mais parar 
Por isso eu quero o mar 
Morrer, ficar quieto, não  
Ó, sentir sempre no peito 
O tumulto do mundo 
Da vida e de mim 
E eu e o mundo 
E a vida Ó mar 
O meu coração fica para ti 
Para ter a ilusão 
De nunca mais parar”  
Fausto Bordalo Dias

junho 24, 2024

 

©raquelsav

“Alexandra sentou-se na cama e acendeu o primeiro cigarro da manhã. Diante dela, no espelho da porta do quarto, via uma mulher de queixo apoiado nos joelhos, os braços a envolverem as pernas, e a pensar que uma coisa tinha aprendido pelo menos com o Steve: o medo de amar. É que toda a ânsia com que ele queria legalizar a situação não podia ter outro nome. Medo, qualquer estúpida saberia. Ou insegurança, se assim quiserem chamar.”

José Cardoso Pires | Alexandra Alpha | Publicações Dom Quixote

junho 23, 2024

©raquelsav | 2024 | Sintra
 

PLAY J.S. Bach | Suite Francesa, n.º 5 | Interpretada por András Schiff

"J.S. Bach nunca terá saído do seu país natal, a Alemanha. Mas o facto de não ter viajado pela Europa não o terá impedido de contactar com as tradições musicais de outras culturas. Do estilo francês, conhecia  os trabalho de Couperin e Rameau, que usou nas suas composições. Bach compôs, as Suites Francesas, incorporando vários elementos representativos de estilos usados por toda a Europa. A Allemande tem origem alemã, mas a Courante é uma dança proveniente de França, a Sarabande alude a uma dança espanhola e a Gigue tem origem escocesa / irlandesa. E que harmoniosas soam todas juntas! Que bom seria, nesta complexa conjuntura mundial em que vivemos, que os políticos partilhassem deste espírito de Bach. Imagine-se, que por via do Brexit, excluíamos a Gigue da Suite Francesa, seria uma pena."

[Transcrição livre, de um momento introdutório ao seu recital, do pianista húngaro-britânico András Schiff, Sintra, Centro Cultural Olga Cadaval, 23/06/2024, 11:00-13:40]

junho 20, 2024

©raquelsav


Morte ao meio-dia
No meu país não acontece nada
à terra vai-se pela estrada em frente
Novembro é quanta cor o céu consente
às casas com que o frio abre a praça
Dezembro vibra vidros brande as folhas
a brisa sopra e corre e varre o adro menos mal
que o mais zeloso varredor municipal
mas que fazer de toda esta cor azul
que cobre os campos neste meu país do sul?
A gente é previdente tem saúde e assistência cala-se
e mais nada
A boca é pra comer e pra trazer fechada
o único caminho é direito ao sol
No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
o fisco vela e a palavra era para toda a gente
E juntam-se na casa portuguesa
a saudade e o transístor sob o céu azul
A indústria prospera e fazem-se ao abrigo
da velha lei mental pastilhas de mentol
O português paga calado cada prestação
Para banhos de sol nem casa se precisa
E cai-nos sobre os ombros quer a arma quer a sisa
e o colégio do ódio é a patriótica organização
Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nesta orla costeira qual de nós foi um dia menino?
Há neste mundo seres para quem
a vida não contém contentamento
E a nação faz um apelo à mãe
atenta a gravidade do momento
O meu país é o que o mar não quer
é o pescador cuspido à praia à luz do dia
pois a areia cresceu e o povo em vão requer
curvado o que de fronte erguida já lhe pertencia
A minha terra é uma grande estrada
que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem vende a vida e verga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer
Ruy Belo | País Possível

junho 15, 2024

©raquelsav | jun 2024

PLAY Joaquín Rodrigo | Concierto de Aranjuez 

Farei como Shiva me ensinou:  

- alimentarei de dança suave o ímpeto destruidor; 

- procurarei o movimento perpétuo dos braços, na busca do equilíbrio das mãos.   

E, na esperança do reencontro, conservarei intacto o Cioran.

maio 26, 2024

 

©raquelsav | 2024

Foi mera casualidade, a “instalação”. Mas suscitou-me interesse. A associação do livro ao objecto. Ao objecto rosa-choque. A veia progressista que me assiste impele à mão o gesto. Soube-me bem. Foi como dar um murro na mesa por cada palavra lida, não

abril 16, 2024

 

©raquelsav | 2024 | Lisboa

Uma, parecida com esta, ensinou-me mais do que algumas lições da escola.
Ainda sinto o cheiro da ansiedade na fila de espera! 

abril 07, 2024

 

©raquelsav | 2023 | Lauterbrunnen

PLAY Mão Morta | O Mundo Não É Mais um Lugar Seguro

março 18, 2024

 

©raquelsav | 2014 | Lodz

PAUL CELAN, ANTES DE ATRAVESSAR A PONTE MIRABEAU
Se um quarto se pode abrir para o sonho,
quando a noite é pesada e o barulho da chuva entra
pela janela, já o sonho não se abre para quem não
dorme, enrolado na insónia como num velho
cobertor. Então, o que se passa pela cabeça são
os pensamentos que não se deveriam ter. Mas a
noite é assim: não faz distinção entre quem dorme
e quem está acordado; e o barulho da chuva
aumenta, com o vento, trazendo o que está
fora do quarto para dentro do quarto, e obriga
quem não dorme a agarrar-se ao cobertor, como
se fosse a última bóia no naufrágio da noite.


Nuno Júdice | Fórmulas de uma luz inexplicável

fevereiro 19, 2024

Pipota

 

©raquelsav | 2024 | πpota


fevereiro 16, 2024

 

©raquelsav | 2022 | Somiedo


“Palavras constroem pontes em regiões inexploradas”
Não tenho como confirmar o autor desta afirmação. Será:
- do filósofo da linguagem Ludwig Wittgenstein? Até faria algum sentido, para quem, como ele, tanto indagou sobre o significado das palavras;
- do escritor Gonçalo M. Tavares? De certo modo, podia enquadrar-se na sua linha editorial;
- do papa Francisco? Por que não? Grande parte da sua ação tem consistido em (procurar) criar pontes improváveis e desafiantes.
Enfim, são muitos os candidatos a autor que eu equacionaria.
Mas diz a “internet” que esta frase foi usada (criada?) por Adolf Hitler.
Aferir a veracidade desta atribuição não é fácil e parece-me secundário, neste momento. Mas não deixa de ser, para mim, desarmante, e até confrangedor, rever-me numa ideia (supostamente) compactuada por Adolf Hitler.
Esta situação alertou-me para o perigo que consiste em embarcar numa ideia “bonita”, mas ideologicamente descontextualizada ou alheia às suas origens. Advertiu-me sobre a responsabilidade que tenho em me manter vigilante relativamente às ideias que vou ouvindo, e arrumando em gavetas circunscritas a um determinado contexto. De me situar nelas e repensar o meu “pequeno” papel de cidadã na grande ambição que é manter a (tão frágil) democracia no mundo, no meu país. Tornou-se tão exigente esse papel!
Eu ainda acredito que ao cidadão contemporâneo comum, compete não desistir de discernir entre a verdade da mentira ( ou será a mentira da verdade?). Mas não acredito em verdades absolutas (passo o paradoxo da afirmação). E, não descurando da sua relatividade, considero que há “verdades” que, realmente, são mais verdadeiras (diria interessantes, mobilizadoras e construtivas) do que outras. A democracia (o sistema mais, imperfeitamente, justo que conheço) compensa o esforço de as destrinçar.
Cuidarei, por isso, de ouvir as palavras, de as registar antes que as leve o vento, e de apanhar as verdades, nem que seja à moda dos Naifa, com enganos.

fevereiro 08, 2024

 

©raquelsav

-Boa tarde, em que lhe posso ser útil?

-Boa tarde, para mim, vai ser uma tranquilidade igual a esta, se faz favor.

-É para já, quem não tem gato, caça com cão.

fevereiro 02, 2024

 

©raquelsav | 2022 | Alcobaça (Espanha)

Quando penso em Portugal e respetivas oportunidades, alternativas, ensejos, etc., ocorre-me esta foto. Retrata uma remota localidade espanhola, fronteiriça, chamada Alcobaça - muito próxima de Castro Laboreiro. Na placa, de leitura difícil, lê-se Portugal. Para quem, de regresso, avista uma placa com o nome do seu país, é levado a respirar de alívio. Contudo, a placa conduz-nos a uma estrada estreitíssima, nada apelativa a condutores menos experientes ou afoitos. Chegamos a Portugal se confiarmos no caminho que nos indicam? Talvez! Mas não sem danificar a viatura e vendo vedada a possibilidade de inverter a marcha. A decisão não é difícil. Seguimos, então, de olhos bem fechados, pelo atalho de terra batida, ali mesmo ao lado, sem meta que se afigure, sem chão que se palpe. Não há-de ser pior do que as rasteiras do caminho “seguro”. Chegaremos, sem dúvida, sãos e salvos, mas muito tardiamente e quase mortos de cansaço. Quase mortos e só quase- porque isto de ser português de Portugal não mata, de facto, só mói.

janeiro 28, 2024

 

©raquelsav | 2022 | Astúrias

“NÓS SOMOS
Como uma pequena lâmpada subsiste
e marcha no vento, nestes dias,
na vereda das noites, sob as pálpebras do tempo.

Caminhamos, um país sussurra,
dificilmente nas calçadas, nos quartos,
um país puro existe, homens escuros,
uma sede que arfa, uma cor que desponta no muro,
uma terra existe nesta terra,
nós somos, existimos

Como uma pequena gota às vezes no vazio,
como alguém só no mar, caminhando esquecidos,
na miséria dos dias, nos degraus desconjuntados,
subsiste uma palavra, uma sílaba de vento,
uma pálida lâmpada ao fundo do corredor,
uma frescura de nada, nos cabelos nos olhos,
uma voz num portal e a manhã é de sol,
nós somos, existimos.

Uma pequena ponte, uma lâmpada, um punho,
uma carta que segue, um bom dia que chega,
hoje, amanhã, ainda, a vida continua,
no silêncio, nas ruas, nos quartos, dia a dia,
nas mãos que se dão, nos punhos torturados,
nas frontes que persistem,
nós somos,
existimos.”
António Ramos Rosa

janeiro 27, 2024

 

©raquelsav | 2024 | Tomar


“SOLDADO
Ai, esta eterna guerra
Ai, que me obriga a ser soldado
Já vejo a bandeira erguida
Já sinto a dor companheira
Ai, neste mar fico tão só
Por este mar
Liberdade onde vais?
Liberdade onde cais?
Esta luta é por te amar
Ai, este soldado que cerco
Ai, este soldado sou eu, sou eu!
Nos olhos a mesma dor
No peito um medo igual
Ai, sinto queimar este fogo, dentro de mim!
Liberdade onde vais?
Liberdade onde cais?
Esta luta é por te amar
Este sangue é por te amar
É por te amar”
Sitiados

janeiro 25, 2024

 

©raquelsav | 2024

O REGRESSO DO MUNDO

Abrir os olhos, já depois da noite
ter recluído os astros em sua ampla gruta límpida,
e ver, por trás do vidro,
já visíveis os pássaros
na redoma ainda pálida do sol,
a mover-se nos ramos.
E cantos que tornam minha a abóboda do ar.
E sentir que ainda pulsa em meu peito
o coração daquele menino,
e na manhã amar a vida que passou,
e esta mágica surpresa
de amar ainda o mundo na manhã.
E no nome do mar, que está longínquo
e azul, sempre estendido
desde o distante amanhecer do mundo,
minha testa persignar, depois o peito,
os delicados ombros que ora toco,
e beijar, com o lábios do menino que regressa,
este mundo tão velho,
que não consigo hoje saber
porque, se não morreu o amor,
me quer abandonar.

Francisco Brines | A última Costa |Assírio & Alvim | 1997

janeiro 18, 2024

 

©raquelsav

PLAY dEUS | How to replace it

HOW TO REPLACE IT

Did you ever get to think about
How to replace it?
Now the night turns in
Into a poker tell
And the day runs dry
Where once was a well”
An enormous chill
That you need to quell
Hear the fisherman’s cough
And the seagulls cry
How they call your bluff
When you touch the sky
Do you ever feel (after setting sail)
What looks far away
Doesn’t get any closer by
We don’t know enough of what we have until it’s gone
They say it’s heaven over there until the devil has another say
You pray
As if time will ever tell
Politics and sympathies, 200 different kinds of glee
I wonder what the world would be
When everybody’s in the sea
I wait
As if time will ever tell
Let the preachers whine
They haven’t got a clue
When the signal dies
What do I really lose
There are many ways
How to replace
These tired lines
Of these modern blues
So the summer creaks
When the daughter speaks
It is in our gift to plug up the leaks?
Do you ever think
As if time will ever tell?
Garbage in the mail today, I’ll send them on a holiday
Someone should tell them they should stay
Around the clock, eternity
We’ll see as if time will ever tell
Suspicion is the lightning rod
Believe in you, believe in God
I tried it out, I liked it not
I love your feet, they make me hot
We wait as if time will ever tell
We are careful
We’re not running to the hills
Our feathers will be sticking to our skin
What are we in for?
When the night comes, we won’t falter
We had years of light and we get smaller
We will win
What are we in for
Was it good for you?
‘Cause I can hardly speak
When the flesh is strong
Then the mind is weak
Still we soldier on
We turn up the noise
So we don’t hear the gong
Of our losing streak
Do you ever think about how to replace it?
How the night turns in into a fire hose
For you to get your daily dose
You stand naked as the cold wind blows
Leave no traces, abandon everything
Don’t replace it, you won’t miss a thing
And feel
As if time will ever tell
Tracks are covered when you’re looking back
Names and lovers lost under the stack
It seems
Now it’s time to break the spell
Now break it up
Now break it up
As if time will ever tell

dEUS 2023