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julho 02, 2015

fotograma de Cavalo de Turim de Béla Tarr
Não nos curamos - mudamos de vício;
Aborrecemo-nos com o que nos dizemos - cada um de nós é muito pouco para se bastar;
Somos demasiado egoístas para um diálogo - mas incapazes de sustentar um solilóquio;
Crescemos como seres de inaudíveis silêncios - matamos por algo que nos acompanhe. 
      [em último caso, a nós próprios]

junho 12, 2015

fotograma de "Labirinto do Fauno" de Guillermo del Toro
PLAY Claude Debussy Prélude à L'Après-midi d'un faune


L'APRÈS-MIDI D'UN FAUNE
(A sesta de um fauno)
[Excerto]

(...)
Mas a alma
Vazia de palavras e este corpo rendido
Vergam-se pela tarde ao altivo meio-dia
Em silêncio: a dormir, esquecendo a blasfémia,
Sobre a areia sedente, como eu, a sorver
Com a boca, eficaz, todo o vinho celeste!

Adeus, casal: vou ver a sombra que devieste.

Stéphane Mallarmé
Poesias,  Assírio&Alvim, 2005

março 31, 2015

fotograma do filme Ida do realizador polaco Pawel Pawlikowski

"-Às vezes tens maus pensamentos?
- Sim.
- Sobre o amor físico?
- Não
- Que pena! Assim, qual o valor dos teus votos de castidade?"

março 15, 2015

[#10] Estou a escrever-te de um país distante

fotograma. "Tempos modernos". Charlie Chaplin

      " "As formigas nunca nos cercaram como agora.", diz a sua carta. Inquietas, de ventre pelo chão, empurram poeiras. Não querem saber de nós.
     Nem uma levanta a cabeça.
     Sociedade mais fechada não existe, apesar de se espalharem constantemente lá fora. Não faz mal, projectos a realizar, preocupações... estão como em sua casa.... seja onde for.
     E até hoje nenhuma olhou para nós. Ainda se arriscava a ser esmagada."

Henri Michaux, Estou a escrever-te de um país distante, Hiena Editora, 1986
(tradução de Aníbal Fernandes)

fevereiro 17, 2015

fotograma ©Luis Buñuel Un chien Andalou (1929)
PLAY
Luís Buñuel Un chien Andalou (1929)

janeiro 03, 2015

A grande beleza

fotograma de La Grande Bellezza 
PLAY Górecki Sinfonia Nº3

(filmes que vêm ter connosco e acontecem, inevitável e distraidamente, em nós)

"Termina sempre assim: com a morte. 
Mas primeiro havia a vida. 
Escondida sob o blá, blá, blá, blá. 
Está tudo sedimentado sob o falatório e os rumores. 
O silêncio e o sentimento. A emoção e o medo. 
Os insignificantes, inconstantes lampejos de beleza. 
Depois a miséria desgraçada e o homem miserável. 
Tudo sepultado sob a capa do embaraço de estar no mundo. 
Blá, blá, blá, blá
O outro lado é o outro lado.
Eu não vivo do outro lado.
Portanto que este romance comece.
No fundo é apenas uma ilusão.
Sim, é apenas uma ilusão.”

Do filme A grande Beleza (La grande bellezza) dirigido por Paolo Sorrentino (2013).

agosto 21, 2014

fotograma de Persona de Ingmar Bergman
PLAY Eddie Vedder - Guaranteed

"On bended knee is no way to be free Lifting up an empty cup, I ask silently
All my destinations will accept the one that's me,
so I can breathe...(...)
Everyone I come across, in cages they bought
They think of me and my wondering, but I'm never what they thought
I've got my indignation, but I'm pure in all my thoughts
I'm alive...(...)
Leave it to me as I find a way to be Consider me a satellite, forever orbiting
I knew all the rules, but the rules did not know me
Guaranteed."

Talvez o fogo maternal de incandescência lunar,
a urgência de pele,
aquele lugar de rosto.
Talvez o sorriso posto para dar,
em chão de receber,
talvez mais um dia.

Cobre-se a voz cantante de melodia salobra,
sopro de pássaro de ninho infértil,
música árida, terra atroz.

Sem o norte dos pés, sós, a sabedoria, o nada,
é estrada que não é caminho,
mas encosto.

Para lá do sol há um rosto, há uma pele,
há um fogo maternal que exala
emergência de lugar.

Adivinha-se na carne crua,
na sua, as chagas de chegar,
talvez um dia,
talvez aos pés, sós, à voz desse lugar,
e lés-a lés, de grito posto, o silêncio cantar
                                              (no seu rosto).