março 15, 2019

©raquelsav | MM | março2019
PLAY Peteris Vasks | Vox Amoris" Fantasie für Violine und Streicher

Hão-de cair estrelas pelo mar,
para habitar a onda extensa de sal,
num rasto concêntrico de espuma,
que assina, pela mão,
uma história milenar.
Não.
Não quisera fazer da história um mar,
sequer um rito de onda em maré,
de sol em lua,
assinatura menstrual dos dias sãos.
Há uma orla de pé que não sabe
da terra gasta e nua,
terra casta em mar déspota,
a reflectir um céu cru.
Há um escravo maduro da maré,
um exoesqueleto de coral,
quarteto desafinado,
que resiste pela espuma e pelo sal.
Mas a terra que tarda,
da estrela que não cai,
diz de si em rito jugo:
- Não.
Não hão-de cair estrelas pelo mar,
nem a espuma há-de dançar na orla da maré.

Não há terra que não seja fria,
e a febre aquece mas não berra,
não se ouve,
só se esquece.
Não. Não quisera fazer do mar essa história.

março 02, 2019

 
Gilles Peress | ZAIRE. Goma. 1994. Near the border of Rwanda.

She stood by the door
of her Virginia farm
pulling a sweater on
the branches
of the dogwood
she had tended
were bowed
blossoms loosened
tossed in sudden snow
the deer stood
in mute wonder
by her garden’s edge
she slipped the phone
in her pocket
her daughter
unharmed
among
petals gone
she snapped
a branch
a tempest stalled
she felt the boy
she felt the dead
she felt the families
she felt the wind
the deer don’t do that
she said
the deer don’t do that

Patti Smith 
(in https://www.newyorker.com/magazine/2007/05/07/tara)