julho 16, 2023

 

©raquelsav | 2023 | Budapeste

QUEM LEVARÁ O AMOR?

Quando meu ser pra sempre se fundir,

quem adorará violino do grilo?

Chama quem soprará no ramo frio?

Quem se deitará sobre o arco-iris?

Chorando, quem abraçará rochosas

ancas ora campos de leves ondas?

Quem acariciará duros cabelos

de raízes nas paredes, artérias?

E à fé devastadora erigirá

quem uma de injúrias catedral?

Quando meu ser pra sempre se fundir,

quem os abutres amedrontará?

E quem levará para a outra margem

o Amor em seus dentes apertado?


Nagy László (1925-1978) | Antologia da poesia húngaras | Âncora Editora | 2002 | 

Trad. e Selec. Ernesto Rodrigues

julho 15, 2023

 

©raquelsav | 2023 | Budapeste

DESENLACE

Talvez eu esteja no meio.

Talvez seja noite. Talvez, crepúsculo.

Uma certeza: faz-se tarde.

Pilinszky János (1921 - 1981) | Antologia da poesia húngara | Âncora Editora | 2002 | 

Trad. e Selec. Ernesto Rodrigues

 

Fotograma da série "Grantchester"

"- Homicídio dá pena de morte.
- A vida também, Inspector"