agosto 30, 2024

Queda de um grave

    - XCVIII-

Os valentes nascem
dos abismos que desvanecem

agosto 22, 2024

Queda de um grave

   - XCIX-

No limbo, habita
a inocência de não 
saber esperar

agosto 13, 2024

Queda de um grave

      - C-

É meu, também,
o lugar da minha fuga-
transporto-o
em ferida de lembrar
o que quero irrepetível

agosto 12, 2024


O que está na nossa natureza é a melhor coisa de todas. Muitos
se esforçam por atingir o renome com capacidades
que lhes foram ensinadas.
Mas sem o deus, cada coisa
não é pior por ficar no silêncio. Pois há caminhos

mais longos do que outros. 
E não existe um só treino
que nos desenvolva a todos. Íngremes
são as artes do saber.

Píndaro (518 a.C. - 438 a. C.) | Poesia grega de Hesíodo a Teócrito(pp. 235-36) | Quetzal | 2023

Queda de um grave

     - CI -

A natureza
não nos persegue
mas pesa à razão de existirmos

agosto 06, 2024

Constant Emile Joachim Puyo | Am Strickahmen | 1900

O tempo não tem rosas...
já quase não há razão para enlouquecer,
nesta tarde que tanto se assemelha à velhice, abro uma janela
e olho o vaivém do trânsito, olhos transeuntes
cabelo pintado de branco pelo pó...
sento-me no coração desta utopia é como se
nunca tivesse sido jovem num ápice se vai o tempo
depressa demais! ontem à noite recordava
aquela árvore no sítio onde nasci
em todos os anos que decorreram desde então, afastei-me
demasiado
e estive longe dela demasiado tempo uma vida negligenciada
transformada como por magia
nos ossos da minha avó
tenho sempre a impressão de que já algo a cintilar lá à frente
mas quando lá chego encontro um monte de vidro partido
é deveras trágico. Torno as coisas difíceis para mim próprio
mas sempre disposto a ser mais complacente comigo,
o meu coração arrogante desvia os olhos, mesmo os meus 
falhanços
são fracos por isso me deixo afundar mais
seguindo aquelas raízes de árvore sob a minha janela
de regresso à lama da minha terra natal.
Duo Yu (1973-) | Quinhentos Poemas Chineses | 2014| Nova Vega
[Biblioteca de Leiria]

Queda de um grave

    - CII -

A utopia
transcende a vida
porque nasce e morre de infinito