abril 07, 2014

Daniel Faria

Amarro dois degraus para não subir
Sozinho. Monto no meu cavalo- o meu cavalo
Não vai para minha casa
Medito sobre o rasto que não cabe no meu destino

Na nossa escada era difícil transportar os familiares defuntos

E os familiares enfermos- vê meu pai como me lembro
Como aprendi a amarrar as vergônteas das vides

A minha viagem é mais funda do que os rios

É mais funda a tua mão- vê como me lembro- ela sabe
Onde é que o meu corpo não suporta correntes

Amarro dois degraus para não subir


Daniel Faria (Poesia, Edições Quasi, 2006, p. 319)