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©W. Eugene Smith. “As From My Window, Sometimes Glance…”, 1957 |
PLAY Arvo Pärt Silentium
Neste ofício de ser vivo às vezes,
ostentamos no peito a casa e o prado,
onde procuramos o silêncio de uma oração que nos oiça.
Mas as preces que ansiamos
não vivem nas palavras,
não vivem nas imagens,
não vivem nos sons,
não nos dizem quando somos, quando havemos de ser.
Oramos vezes sem conta;
erguemos bandeiras;
cegamos às escuras;
esculpimos corpos que usamos sem conhecer
e transportamos cansados e vadios,
impacientes, inseguros, intermitentes,
insipientes, inoportunos, esses transeuntes.
Ostentamos no peito a casa e o prado -
ambos vazios - sem oração que nos oiça.
E maldizemos este ofício de sermos vivos às vezes.