agosto 16, 2018

fotograma Metropolis | Fritz Lang | 1927

"Mittler Zwischen Hirn und Händen muss das Herz sein"
"O mediador entre o cérebro e as mãos é o coração"
fotograma de O Enigma de Kasper Hause | Werner Herzog | 1974

agosto 08, 2018

  

Quis ser, à sombra de ti, a um passo, e fui-o: a um passo, em falso, de mim. 

Que se fodam as réguas e esquadros, as fitas métricas, taxímetros, micrómetros e aristos; que ardam os mapas e GPS's; que se extingam a trigonometria e todas as técnicas antropométricas: não há arte que estime, fiel, a distância de segurança da sombra de nós. 

Que se apague a luz; que se esconda o sol; que se parem os ponteiros ao meio dia; que os passos sejam largos sem sombra que se lhes arraste; que o voo seja pleno sem figura terrestre que o acompanhe: livre é ser só.


agosto 01, 2018

"(...) o engenho do primeiro romancista consistiu em compreender que no aparelho das nossas emoções, como a imagem é o único elemento essencial, a simplificação que consistiria em suprimir pura e simplesmente as personagens reais seria um aperfeiçoamento decisivo. Um ser real, por muito profundamente que simpatizemos com ele, é em grande parte apreendido pelos nossos sentidos, o que quer dizer que permanece para nós opaco, que apresenta um peso morto que a nossa sensibilidade não pode levantar. Se é atingido por uma infelicidade, só numa pequena parte da noção total que dele temos é que ele mesmo pode comover-se. O achado do romancista foi ter a ideia de substituir essas partes impenetráveis à alma por uma quantidade igual de partes imateriais, isto é, que a nossa alma pode assimilar a si mesma. Que importa então que as acções, que as emoções desses seres de uma nova espécie, nos surjam como verdadeiras, visto que as tomámos nossas, visto que é em nós que acontecem, que mantêm sob o seu domínio, enquanto viramos febrilmente as páginas do livro, a rapidez da nossa respiração e a intensidade do nosso olhar?"

Marcel Proust (1871 -1922) | Em busca do tempo perdido - Do lado de Swann | 3ª Ed. | Relógio D'Água | Trad. Pedro Tamen | p. 93
©Elliot Erwitt | Ceremony for the crowning of the Shah 1967 | Teheran
"Mas uma vassoura, podereis vós dizer-me, é o símbolo de uma árvore que se sustenta sobre a própria cabeça; e eu respondo-vos: o que é o homem senão uma criatura virada ao contrário, com as suas faculdades animais perpetuamente a cavalo das suas faculdades racionais e com a cabeça no sítio dos calcanhares a rastejas pelo chão? E mesmo assim, com tantas deficiências, ele erige-se em reformador universal, em destruidor de abusos, cavaleiro andante de todos os agravos, sempre a esquadrinhar os esquálidos recantos da natureza, a trazer para a luz do dia as podridões ocultas, a erguer poeiras consideráveis nos locais onde nem sequer elas existem deixando-se tomar muitas vezes da sujidade que deseja limpar; os seus últimos dias passa-os escravizado às mulheres, que como sua irmã vassoura, gasto até aos restos, é deitado pela porta fora ou empregado em acender fogueiras a que outros se vêm aquecer."
Jonathan Swift (1667-1745) | Meditações sobre uma vassoura | in Antologia do Humor Negro | fernando ribeiro de melo - edições afrodite | 1973

julho 30, 2018

O infinito

 Sempre gratas me foram esta colina tão só
E esta sebe alta e extensa
Que não deixa ver o último horizonte.
Mas quando me demoro a contemplá-la
O meu espírito gera para além dela 
Intermináveis espaços, silêncios sobre-humanos
Uma paz escura, profunda; e pouco falta 
Para o terror me assaltar o coração. E quando
Ouço o vento sussurrar nas plantas
Comparo o infinito de tanto silêncio
A esta voz, e lembro-me da eternidade
Das estações mortas, do tempo presente
E vivo, do seu murmúrio brando. Assim
Se aniquila o meu espírito na imensidão:
E é-me grato naufragar neste mar.

Giacomo Leopardi (1798 - 1837) | in Rosa do Mundo | Tradução de Ernesto Sampaio | Assírio&Alvim | 2001

julho 27, 2018





fotograma Risttuules (Na Ventania) | Martti Helde | 2014
PLAY Pärt Uusberg |Öhtu ilu

"Aqui é como viver na escuridão. No escuro, muitas coisas são diferentes do que à luz do dia. Diga-me Heldur, existe uma palavra... Uma viúva é uma mulher que perde o marido. Um órfão é uma criança que perde os pais. Mas como se chama uma mãe que perde um filho?
Não existe palavra para denominar esse sentimento."

"Se as pessoas se parecem com as suas escolhas, diga-me Heldur, com que me pareço eu?"

"Vou voltar para casa. A liberdade vale a pena se o preço é a solidão?"
 
©Aleksandr Grinberg |  ca. 1920

PLAY Edita Piekha | Gorod Detstva

Não desnudaremos a vida
enquanto não forem nossos
todos os grilos e cigarras da nossa infância.


fotograma Lágrimas e Suspiros | Ingmar Bergman | 1972
PLAY Sonic Youth | Song for Karen
 
 "- Vem aqui. Vem. Vês a tua imagem no espelho? És bela. Talvez mais bela do que há uns anos atrás. Mas algo mudou e quero que o vejas. Os teus olhos lançam olhares calculistas. Antes olhavas de forma aberta e directa. Sem dissimulação. Na tua boca, percebe-se um rasgo de desagrado... Antes o teu sorriso era doce. Agora, a tua pele é mais pálida, por isso te maquilhas. Agora quatro rugas atravessam a tua formosa e despejada tez. Não podes distingui-las com esta luz... mas manifestam-se claramente à luz do dia. Conheces a origem dessas rugas? 
- Não.
- São fruto da tua indiferença. E a linha perfeita da tua mandíbula... já não é tão óbvia graças à tua apatia e indolência. Sabes a que se deve? Já não ris com tanta frequência. Vês? Dás-te conta? Debaixo dos teus olhos, essas rugas finas e imperceptíveis de sofrimento e engano.
- Vês todas essas coisas na minha cara?
- Sim, vejo-as de perto quando me beijas.
- Pensei que eras tu que me beijavas. E sei muito bem o que vês em mim. 
- O quê?
- Vês-te a ti mesmo. Somos tão parecidos tu e eu. 
- Queres dizer, orgulhosos, frios, com um forte sentimento de culpa?
- Sempre me aborreceram as tuas análises intermináveis. 
- Não podíamos partilhar também outras qualidades mais positivas?
- Contento-me com o que há."

julho 19, 2018

©Alfred  Stieglitz | Waiting for the return | 1896

Amor à vista

Entras como um punhal
até à minha vida.
Rasgas de estrelas e de sal
a carne ferida.

Instala-te nas minas.
Dinamita e devora.
Porque quem assassinas
é um monstro de lágrimas que adora.

Dá-me um beijo ou a morte.
Anda. Avança.
Deixa lá a esperança
para quem a suporte.

Mas o mar e os montes...
isso sim.
Não te amedrontes.
Atira-os sobre mim.

Atira-os de espada.
Porque ficas vencida
ou desta minha vida
não fica nada.

Mar e montes teus beijos, meu amor,
sobre os meus férreos dentes.
Mar e montes esperados com terror
de que te ausentes.

Mar e montes teus beijos, meu amor!...

Fernando Echevarria (1956) |  "Entre dois anjos" in Antologia da novíssima poesia portuguesa | Círculo de poesia Moraes Editores | 1971

julho 16, 2018

©Jon Michael Frank | Water

julho 15, 2018

©raquelsav | 14 Jun 2018
PLAY Pearl Jam | Garden

A minha vida, sem as músicas (e poesias) da minha vida, 
seria menos de metade vida.

julho 12, 2018

julho 11, 2018

[#1]

Acto Primeiro
[Somos três: eu e a minha filha (não, não é um erro ou lapso de aritmética). Não raras vezes, não descubro as fronteiras nessa topologia tão própria.]


- Fizeste ontem, na tua escola?
-  Sim, das 18:35 às 19:11.
-  Somos nós, não somos?
-  Achas que estamos parecidas?
-  Não sei, o teu cabelo está muito comprido. É impossível, um cabelo assim.
-  Isso é... expansão figurativa.
-  Estás sempre a usar palavras esquisitas.
-  Mas diz, o que achas, parecemos nós?
- Estamos de mão dada, parecemos muito calmas [Riqueza expressiva – interrompeu, em silêncio, sempre a lutar pela razão], talvez, sim... mas gosto do teu cinto.
-  Não foi fácil resistir ao fecho, temos sempre tendência a fechar, a fechar tudo. Fechar não é bom.
-  Eu não gosto da porta do meu quarto fechada, quando vou dormir.
-  Isso é porque ainda tens muita fantasia.
-  Como a clave de sol no teu cabelo?
-  Não, essa foi só para revelar a minha perfeita inabilidade gráfica e fraca elaboração, que é como quem diz, um ato desesperado para arranjar conectividade.
-  Não sei, pareço mais alta do que sou, de verdade.
-  Afinal estou enganada, acho que o teu alcance imaginário não está assim tão apurado, não vês que a morfologia da imagem não foi uma prioridade?
-  O que eu vejo é que andas a passar demasiado tempo com o Beckett  e pouco comigo.
-  Talvez tenhas razão, mas “tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor"[1] é uma filosofia de vida que me agrada.
-  Heit! Estava a falar do Beckett - o cão. Falando nisso, vou brincar com ele, é menos chato do que tu. Tchau...
[Melhor assim, eu só deveria entrar no Acto Terceiro, mas sei lá,
“O absurdo pode sempre visitar-te quando quiser
Tens um lugar para ele. Em cada dia uma nova entrada.[2]”]
Nunca tinha pensado assim. Não sabia, sequer, da existência de indicadores de criatividade. Sempre imaginei que a arte de mensurar estivesse confinada ao capítulo de Geometria e Medida, dos alfarrábios do meu mundo concreto, mas Torrance diz o contrário. Não sei, estava cansada, a razão cansa, cansa muito. Só sei que a quantidade já me pesava – lidar com números a vida toda, é coisa para se passar a ser quadrado. Por isso, não queria acreditar que também ali houvesse indicadores. “Deixa o cão ser cão” - pensei para mim - como se a arte fosse um acaso, como se o Estilo Criativo fosse um sopro divino e não nascesse do binómio criador-destruidor, na figura do lápis e da borracha, como quem se torna resolvedor proficiente de equações de 3º grau. Não. Não queria razão na arte, se era lá que encontrava refúgio de um mundo cansado de racionalizar, queria a ingenuidade de Jonas, duvidar da intenção no ato da criação, negar os seus discípulos quando estes lhe explicavam “demoradamente o que ele pintara, e porquê.” para não ter de descobrir, como Jonas, “muitas intenções [nas suas obras] que o surpreenderam um pouco, e uma quantidade de coisas que ele não pusera lá”[3]. Queria esse espaço sem razão entre mim e as coisas, não ter de arranjar medidas ou justificações porque acreditava que “aquilo que me faz é o que a mim própri[a] trago de desconhecido”[4] Queria negar-me às etiquetas bergsonianas[5] que colamos sobre as coisas que nos impedem, tantas vezes de as ver. Mas o desenho estava ali, tinham-me sido dadas as directrizes para me auto-avaliar: que indicadores de criatividade eu cumpriria?; Que papel podia desempenhar aquele desenho, feito por mim em 36 minutos?; Que diria de mim? Que diria de mim na relação com o mundo? Ou, pior, na relação com a realidade, como me tinha proposto reflectir?. A Beatriz reconheceu-nos nos rabiscos – a mim e à minha filha. Alguma realidade ele traduziria. Mas a Beatriz percebe das coisas de ser humano, entende de ser mãe, ela é como as mães de Daniel Faria - respira à janela do seu filho.
Mas como não pensar como Musil[6], achando que a razão não era a única forma de dois seres se entenderem, e negar-me por inteiro, ali? Não cedi à teimosia a que me habituei a mim própria, procurei, procurei e encontrei sentido. Não no meu desenho, propriamente, mas no ato de encontrar sentido, de encontrar as características que o permitissem crescer, como a expressividade ou o controlo da composição, ferramentas de expressão da emoção humana. Sim, o homem é um ser contraditório, que se contradiz, o “homem é uma síntese de infinito e de finito, de temporal e de eterno, de liberdade e de necessidade, é, em suma, uma síntese”[7].
E eu podia, podia habituar-me a um meio termo, se houvesse um pretexto – analisar o meu desenho para o tornar melhor, aceitar dele o que ele pudesse dar de mim, num diálogo sério, firmado num compromisso de zelo sem excesso. Não queria sofrer da patologia da razão, antes sofrer do meio termo a que sempre me houvera negado, aceitando que uma parte do real é irracionalizável,  e que a racionalidade se encarrega de dialogar com o irracionalizável[8].
Olhei para o desenho, e senti leveza. E deixei-me levar na leveza que ele teve em mim. 

- Mãe, o Beckett está a morder-me.
- A mim também já me morde há uns anos.
- Há uns anos? Mas ele não tem sequer um ano!
- Pois não.
A minha filha olha, atenta, para o desenho uma vez mais:
 - Eu desenho melhor do que tu.
- Sim, o teu traço tem melhor elaboração do que o meu. Bem sabes que, com muita pena minha, tenho dificuldades em expressar-me pelo desenho, pela pintura, o melhor que sei é pintar o mundo com as palavras.
- Como naquele teu poema que escreveste há uns tempos, para a tua amiga pintora?
- Eu não escrevo poemas, só escrevinho. Mas sim, por exemplo.
- Pode ler-mo? Gosto de te ouvir ler, como quando fazias quando eu era pequenina, com o livro grande da Sophia.
- Estás a falar daquele de pintar o mundo?
- Sim, esse.
- Acho que sei-o de memória:
Pintar o mundo é escrever o orto do elemento,
é fabricar o pigmento primário:
da textura da terra;
do aroma da água;
da aurora do fogo;
na distância do ar.
Pintar o mundo é erguer a essência da mão
ao fulgor do éter,
pintar de branco e dar cor,
é lançar a vogal à terra e amanhá-la.
Pintar o mundo é beber do silêncio,
com que se desenha o poema e escreve a pintura.
Pintar o mundo é abrir a mão à paisagem
e confiar que tudo, nela, se transfigura.
- Eu não percebo muito bem o que dizes, mas gosto de te ouvir. E também gosto de pintar com branco.
- Faz-nos sentir a urgência do preto. Sem preto não pode existir o branco. O que é engraçado porque li algures que o branco representa a perfeição e o amor divino e que o preto é “como uma capa de aço, onde aquilo que está lá dentro não sai.”. Gosto dessa ideia- se pintares o teu branco sobre o meu preto, jamais a perfeição e o amor divino sairão dele.
- Eu gosto de desenhar cães. Começo pelos sinais dos bigodes.
- E eu gosto que não comeces pelo óbvio – nunca vi ninguém a desenhar cães, começando pelos sinais.
- Queres que te desenhe um?
- Pode ser.
- De que cor?
- Tu já sabes.
- Violeta, claro.
- Pois. Mas sabes que as cores não existem propriamente?
- Deixa-me desenhar em paz, mãe.
- A minha professora disse-me que “a cor é um fenómeno fisiológico, de carácter subjectivo e individual (...) são tentativas de organizar informações sobre a percepção cromática humana"
- Tu confundes-me, às vezes. Não pareces nada uma professora de Matemática.
- É tudo uma questão de linguagem. Não interessa a que escolhes, mas o modo como te entregas a ela. Eu posso tomar por “empréstimo as convenções da inferência e da dedução matemáticas[9]” ou   reduzir “as medidas a uma unidade diferente: o meu próprio passo; e mecanizá-lo, para encontrar equivalências na escala métrica (sem muitos erros).”[10] , o importante é que eu saiba traduzir o vazio que há entre mim e as coisas. Porque é nesse espaço vazio que me permito ser.
- Porquê?
- Já tinha de vir o porquê.
- Tenho seis anos, mãe. Tenho de desenhar cães com bigodes e perguntar-te mil vezes porquê.
- Porquê, o quê?
- Nada. Gostas do meu cão?
- Adoro a coleira.
- Mas eu não desenhei nenhuma.
- Pois não – sorri.
Saímos para passear o cão Beckett, não sem antes darmos um abraço profundo, nascido do nada. Lembrei-me de Beckett, o escritor: "Por vezes, há coisas que se impõem ao entendimento com a força de axiomas, sem que se saiba porquê." [11].

[A noite cerrou o dia. O branco do preto escureceu no pano do palco. Terminou o Acto Primeiro]


[1] Samuel Beckett (1990). Últimos trabalhos de Samuel Beckett. Lisboa: Assírio & Alvim [p.7]
[2] Daniel Faria (2006). Poesia. Lisboa: Quasi Editores. [p. 157]
[3] Albert Camus (s/d). Jonas. In: A. Camus, O Exílio e o Reino (pp. 121-171). Lisboa: Edições Livros do Brasil.[p.139]
[4] Paul Valéry (1985). O Senhor Teste. Lisboa: Relógio  [p.54] 
[5] Henri Bergson (1991). O riso. Lisboa: Relógio D'Água. [p.99] 
[6] Robert Musil (2014). O Homem sem Qualidades. Lisboa: Dom Quixote.
[7] Soren Kierkegaard, S. (1979). O desespero humano. Lisboa: Livraria Tavares Martins. [p.38]
[8] Edgar Morin (2008). Introdução ao Pensamento Complexo (5.ª ed.). Lisboa: Instituto Piaget. [p.23]
[9] George Steiner(2014). Linguagem e Silêncio - ensaios sobre a literatura, a linguagem e o inumano. Lisboa: Gradiva.
[10] Carlos Oliveira (1979). Finisterra. Lisboa: Sá da Costa.
[11] Samuel Beckett (2003). Molloy. Relógio D'Água.



Anónimo | Selfie | 1839(?)
"Acho muito razoável a crença céltica de que as almas daqueles que perdemos estão cativas em algum ser inferior, num animal, num vegetal, numa coisa inanimada, efectivamente perdidas para nós até ao dia, que para muitos não chega nunca, em que acontece passarmos junto da árvore, ou entrar na posse do objecto que é sua prisão. Então elas estremecem, chamam por nós e, mal as reconhecemos, quebra-se o encanto. Libertadas para nós, venceram a morte e tornam a viver connosco.
    O mesmo acontece com o nosso passado. É trabalho baldado procurarmos evocá-lo, todos os esforços da nossa inteligência são inúteis. Ele está escondido, fora do seu domínio e do seu alcance, em algum objecto material (na sensação que esse objecto material nos daria) de que não suspeitamos. Depende do acaso encontrarmos esse objecto antes de morrermos, ou não o encontrarmos."

Marcel Proust (1871 -1922) | Em busca do tempo perdido - Do lado de Swann | 3ª Ed. | Relógio D'Água | Trad. Pedro Tamen | pp.51