junho 25, 2024

Da criação

©Rene Burri | 1964 | Beijing-China

 O nascimento do mundo (Teogonia 116-138)

Primeiro que tudo, nasceu o Caos. Logo depois,
a Terra [Gaia] de amplo peito, sede segura para sempre de todos
os imortais que detêm os píncaros do Olimpo cheio de neve;
e o Tártaro sombrio no recôndito da terra de amplos caminhos;
e Eros, que é o mais belo entre os deuses imortais,
deslassador de membros; e de todos os deuses e de todos os homens
ele subjuga no peito a mente e o prudente conselho.
Do Caos nasceram o Érebo e a negra Noite.
Da Noite, por sua vez, o Éter e o Dia nasceram,
que ela pariu, engravidada, tendo-se unido em amor ao Érebo.
A Terra primeiramente deu à luz, de igual tamanho a ela,
o Céu [Úrano] chio de astros, para que ele a cobrisse completamente,
para que houvesse para os deuses bem-aventurados uma sede segura para sempre;
deu à luz grandes montanhas, graciosas moradas das deusas
Ninfas, que vivem nas montanhas cheias de bosques;
deu à luz o mar nunca vindimado inchado de ondulação,
Ponto, sem prazeroso ato de amor, mas depois,
deitando-se com o Céu, deu à luz o Oceano de fundos remoinhos;
e Coio e Creio e Hiperíon e Iápeto
e Teia e Reia e Témis e Mnemósine
e Febe da coroa dourada de Tétis amorável.
Depois destes nasceu o mais novo, Crono de retorcidos conselhos,
o mais terrível de seus filhos; e ele odiava seu vigoroso progenitor.

Hesíodo | Teogonia in Poesia Grega de Hesíodo a Teócrito | Tradu. Frederico Lourenço | 2023 | Quetzal