dezembro 16, 2014

©Klimt


(...  porque os nossos retratos, na distância dos dias, vão sendo a nossa metafísica mais próxima)

Abraças, de uma vez só, o impossível
E soltas metros e quilómetros de Saber,
Torneados por uma loucura disfarçada:
de rosa;
de azul de mar;
de alegrias que não deixarão de o Ser;
de ingenuidade de "não querer Saber".

Pintas, de branco leve, o choro
Voas, voas alto, muito alto, tão alto
que num fechar de olhos constante,
com que se veste um sono profundo,
inventas mil teorias de Razão;
infinitas filosofias imutáveis;
e um sol de sentidos fecundo.

E a Loucura, louca,
Clepsidra do pensamento,
de sentir o que de não sentido tinha,
Interrompeu a maré cheia de ideias,
E uma vaga vazia de certezas restou.
E o teu abraço, raro,
O impossível, para sempre, abraçou.
Raquel, 2001

dezembro 15, 2014

Jeff Buckley

©Christopher Anderson  USA. New York City. February 2008. Zac Posen
PLAY Jeff Buckley New Year's Prayer

"fall in light, fall in light.
feel no shame for what you are

(...)
leave your office, run past your funeral,
leave your home, car , leave your pulpit.
join us in the streets where we
join us in the streets where we don't belong..
don't belong.
you and the stars throwing light."


dezembro 14, 2014

©Luis Quiles

PLAY Moby The perfect Life


"Contaram-me que ele tinha uma alegria tão grande que não podia aguentar um copo na mão: quebrava-o com a força dos dedos, com a grande força da sua alegria. Era uma criatura excepcional."



Os Passos Em Volta


Herberto Helder
©Josef Koudelka UNITED KINGDOM. 1977. Scottland

Nada não é coisa pouca.

dezembro 13, 2014


©Josef Koudelka. ISRAEL-PALESTINE. 2009
PLAY Moby Everloving

|| a vaidade
a euforia da conquista
a carne consumada
os corpos sós e vazios
o silêncio incómodo
a voz que trazes guardada
o silêncio que quebras

e a vaidade
e a carne consumada
e o silêncio incómodo
e a voz que ouves - sempre a voz-
e o mundo- mais um mundo-
           sempre diferente
           sempre imenso
           sempre igual
           sempre vazio

mais um copo
mais um corpo
mais um silêncio incómodo

e a voz que te lembra e que te esquece

e mais uma conquista, e mais uma euforia, e mais um regresso
mais um vazio :||

e a voz que fala dos mundos que não viste
e dos mundos que afinal são teus
e dos que não são
e dos que te fazem ser
e tão diferente
e tão só- tão orgulhosamente só-
e a casa que habitas:
          sem paredes
          sem tecto
          sem chão

e o mundo que não existe senão nos olhos
e o mundo que não é senão um mundo
e peça por peça - o jogo da linguagem-
e a voz que não largas
e o que ela te diz:
          de silêncio e de nada
e o abandono e o regresso e a espiral
                      [de sol&dão]


Manuel Cintra

©Luis Quiles

dissolver o cansaço na aspirina o açúcar a angústia
a lembrança no sono o tropeço os falhanços, ligar
com cimentos, construir

chorar de vez em quando às escuras para a febre descer

polir palavras com escova colocá-las com pinça
no interior, derramá-las num jarro sem vinho sobre o papel,
deixar secar, recortar, recompor, calar gritos, escrever

sonhar os poemas que não se escreve, escrever os poemas 
                                                                                            [que não.

podar as plantas nos filhos, mostrar os frutos, o caroço.
o saco de lixo, a hora de ponta, suor. depois lavar. levar
o peito à rua, receber os outros, perdê-los, trocá-los,
devolver este par de mãos àquele mar, afogar em esforço
a carótida torcida do tempo, parar sempre noutra esquina,
fugir à vertigem com o prazer das alturas, perder,

permanecer sentado até à dor nos ossos, cronometrar paciências,
aprender na lentidão a única saída,
rápida

e envelhecer.
   acreditar?

Manuel Cintra, Bicho de Sede, Ulmeiro

Wittgenstein

1 O mundo é tudo o que é o caso.
1.1 O mundo é a totalidade dos factos, não das coisas.
1.11 O mundo é determinado pelos factos e assim por serem todos os factos.
1.12 A totalidade dos factos determina, pois, o que é o caso e também tudo o que não é o caso.
1.13 Os factos no espaço lógico são o mundo

1.2 O mundo decompõe-se em factos.
1.21 Um elemento pode ser o caso ou não ser o caso e tudo o resto permanece idêntico.

2 O que é o caso, o facto, é a existência de estados de coisas.
2.01 O estado das coisas é uma conexão entre objectos (coisas)
2.011 É essencial a uma coisa poder ser parte constituinte de um estado de coisas.
2.012 Em Lógica nada é acidental: se uma coisa pode ocorrer num estado de coisas, então a possibilidade do estado de coisas tem que estar já pré-julgada na coisa.
2.0123 Se conheço um objecto então conheço também todas as possibilidades da sua ocorrência em estados de coisas. (Cada uma destas possibilidades tem de estar na natureza do objecto). Não se pode ulteriormente achar uma nova possibilidade.
2.01231 Para conhecer um objecto tenho de conhecer não as suas propriedades externas mas todas as suas propriedades internas.
2.0124 Dados todos os objectos também são dados todos os possíveis estados de coisas.
2.013 Cada coisa está como que num espaço de possíveis estados de coisas. Posso pensar neste espaço como vazio, mas não posso pensar a coisa sem o espaço.

Tratactus Lógico-Philosophicus
Ludwig Wittgenstein


dezembro 11, 2014

Yorgos Seferis

©Josef Koudelka CZECHOSLOVAKIA. 1963
                             
                             III
                                      Lembra-te dos banhos em que foste afogado

Acordei com esta cabeça de mármore nas mãos
que extenua os meus cotovelos e não sei onde
     pousá-la.
Ela tombava no sonho enquanto eu saía do sonho
a nossa vida uniu-se e será muito difícil separar-se
     de novo.

Vejo os olhos; nem abertos nem fechados
falo à boca que continuamente procura falar
seguro as maçãs do rosto que ultrapassam a pele.
Já não tenho força;

as minhas mãos perdem-se e aproximam-se de mim
mutiladas.

"Poemas Escolhidos"
Yorgos Seferis
Relógio D'Água
sol&dão

novembro 30, 2014

@Martine Franck MOROCCO. Agadir. 1976

PLAY JP Simões & Norberto Lobo Canção da Paciência 
Muitos sóis e luas irão nascer
Mais ondas na praia rebentar
Já não tem sentido ter ou não ter
Vivo com o meu ódio a mendigar
Tenho muitos anos para sofrer
Mais do que uma vida para andar
Beba o fel amargo até morrer
Já não tenho pena sei esperar
A cobiça é fraca melhor dizer
A vida não presta para sonhar
Minha luz dos olhos que eu vi nascer
Num dia tão breve a clarear
As águas do rio são de correr
Cada vez mais perto sem parar
Sou como o morcego vejo sem ver
Sou como o sossego sei esperar

Wittgenstein


"Este livro será talvez apenas compreendido por alguém que tenha uma vez ele próprio já pensado os pensamentos que são nele expressos- ou pelo menos pensamentos semelhantes. Não é, pois, um livro de texto. O seu fim seria alcançado se desse prazer a quem o lesse compreendendo.
(...). Todo o sentido do livro podia ser resumido nas seguintes palavras: o que é de todo exprimível, é exprimível claramente; e aquilo que não se pode falar, guarda-se em silêncio."
Tratactus Lógico-Philosophicus
Prólogo
Ludwig Wittgenstein

novembro 29, 2014



PLAY Tiago Bettencourt Lugar


Já é noite e o frio
Está em tudo o que se vê
Lá fora ninguém sabe
Que por dentro há vazio
Porque em todos há um espaço
Que por medo não cedeu
Onde a ilusão se esquece
Do que o tempo não previu.

Já é noite e o chão
É mais terra pra nascer
A água vai escorrendo
Entre as mãos a percorrer
Todo o espaço entre a sombra
Entre o espaço que restou
Para refazer a vida
No que o tempo não matou
E onde tudo morre tudo pode renascer
Em ti vejo o tempo que passou
E o sangue que correu
Vejo a força que moveu
Quando tudo parou em ti
A tempestade que não há em ti
Arrastando para o teu lugar
E é em ti que vou ficar

Já é noite e a sombra
Está em tudo o que se vê
Lá fora ninguém sabe
O que a luz pode fazer
Porque a noite foi tão fria
Que não soube acordar
A noite foi tão dura
E difícil de sarar
E onde tudo morre tudo pode renascer
Em ti vejo o tempo que passou
E o sangue que correu
Vejo a força que me deu
Quando tudo parou em ti
A tempestade que não há em ti
Arrastando para o teu lugar
E é em ti que vou ficar.
Porque eu descobri a casa onde posso adormecer
Eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
Aqui tudo é mais forte e há mais cor num céu maior
Aqui tudo é tão novo tudo e pode ser amor
E onde tudo morre tudo volta a nascer
Em ti vejo o tempo que passou
E o sangue que correu
Vejo a força que me deu
Quando tudo parou em ti
A tempestade que não há em ti
Arrastando para o teu lugar
E é em ti que vou ficar.

Já é dia e a luz
Está em tudo o que se vê
Cá dentro não se ouve
O que lá fora faz chover
Na cidade que há em ti
Encontrei o meu lugar
E é em ti que vou ficar.

©raquelsav

Se o vento não mudar
Vou dar até sentir
Que há uma razão
Para crer que é bem melhor existir
Eu sei
Não vejo a luz em mim
Tão pouco em mais alguém
Só quis tocar o céu
Não quero mal a ninguém
Eu sei
Diz-te a canção do medo
Vê-se um dia o tempo não vos traz
Mas perde a noção do tempo
Quando eu amo é sempre devagar
Não vejo a luz em mim
Tão pouco em mais alguém
Só quis tocar o céu
Não quero mal a ninguém
Eu sei
Diz-te a canção do medo
Vê-se um dia o tempo não vos traz
Mas perde a noção do tempo
Quando eu amo é sempre devagar

novembro 22, 2014

Escrever
ou, das coisas,
o passado.
©raquelsav

PLAY Jessye Norman Morgen (Richard Strauss)

Clara brilha a sombra da manhã
que não se ofusca pelos traços do dia.
Viva é a sombra verdadeira
que não vagueia estrangeira, de nós, pela noite
 - esse lugar-
que nos espelha
onde vamos sendo distraidamente, apenas e sós,
numa qualquer coisa que se assemelha a nós.

novembro 19, 2014

©Antoine D'Agata

(...)


Eu que me comovo
Por tudo e por nada
Deixei-te parada
Na berma da estrada
Usei o teu corpo
Paguei o teu preço
Esqueci o teu nome
Limpei-me com o lenço

Olhei-te a cintura
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num bosque de faias
De mala na mão
Nem sequer falaste
Nem sequer beijaste

Nem sequer gemeste
Mordeste, abraçaste
Quinhentos escudos
Foi o que disseste
Tinhas quinze anos
Dezasseis, dezassete
Cheiravas a mato
À sopa dos pobres

A infância sem quarto
A suor a chiclete
Saíste do carro
Alisando a blusa
Espiei da janela
Rosto de aguarela
Coxa em semifusa
Soltei o travão

Voltei para casa
De chaves na mão
Sobrancelha em asa
Disse: “fiz serão”
Ao filho e à mulher
Repeti a fruta
Acabei a ceia
Larguei o talher

Estendi-me na cama
De ouvido à escuta
E perna cruzada
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
Teu corpo parado
Na berma da estrada
Eu que me comovo
Por tudo e por nada

António Lobo  Antunes

novembro 15, 2014


Entroncamento->LX©raquelsav

PLAY Placebo- Protect me from what I want


Não tenho a cabeça cheia dessas frases, dos livros que não li, e duvido que entenda dessas coisas do amor. Não escrevo nas histórias que não vivi, nem nas entrelinhas, onde tudo me sabe a pouco. Mas ontem disseram-me: - Gosto de te ver assim. E eu fiquei a pensar: - E eu gostava de me ver, sim. Faz tempo que não me vejo. Foram tão raras as vezes que me vi. E hoje não te oiço: descobri que preciso de te ouvir para me ver. Tenho pena de não perceber dessas coisas do amor, porque o som infinito da concha murmura-me palavras pintadas de cor de rosa, que não sei distinguir. Mas eu cumpro o som da concha e guardo-o em uníssono para mim. Não há byte ou decibel que eu transgrida neste infinito que é não me ver. E torno transparentes as palavras, também. Sei que somos sós, porque sós é tudo o que sabemos ser. Aliás, é esse o mais que nos une. Despidos sabemos quem somos. Nus, ainda nos reconhecemos. Tenho medo: tudo me parece tão infinitamente pequeno e duvido que exista vida para além do vidro.

novembro 12, 2014

PLAY Mischa Maisky plays Bach Cello Suite No.1

amanhã...
porque, hoje,  é muito...

novembro 09, 2014

António Variações

©Chien-Chi Chang. USA. Rochester, NY. April 21, 2012


PLAY António Variações: Estou Além

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde

não sei de que é que eu fujo
Sera desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mao

Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfacao
não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder

Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar

Vou continuar a procurar
O meu mundo
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou

Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

Link: http://www.vagalume.com.br/antonio-variacoes/estou-alem.html#ixzz3IcGmKuuR
Óbidos ©raquelsav
PLAY Stravinsky: Pássaro de Fogo

Como quem acha que entende, virar o mundo e fazer de conta que encontra. E rente à história, que é um avesso, de arremesso, lançar três ou quatro armas, das que matam. Na resposta, o fogo posto que voa na chama. Esquecer, para arder no grito, como quem não fala, e virar a história, rente ao mundo, no avesso do rosto (de dia, sorriso posto). Fugir de quem se é, para somente voltar a ser: como que renascer, longe, noutro lugar.

novembro 08, 2014

"(...)
Passei por coisas difíceis nestes últimos anos em que tinha muitas probabilidades de morrer e o que é engraçado é que não tinha medo. Estava tão espantado e indiferente, demasiado absorvido pelo sofrimento físico, que foi brutal. Passei por uma quimioterapia de grande violência. Não sabia se ia viver ou morrer. Só gostava de viver mais uns tempos porque tinha mais uns livros dentro de mim -- e sinto que ainda tenho – e queria escrevê-los. Mas não queria que Deus me salvasse da morte. As noites nos hospitais são tremendas. É um bocado como conta o Proust, ficar à espera da manhã como se a manhã salvasse de alguma coisa e não salva de nada. E depois pensava: tenho vivido tão mal...

Porquê?
Porque havia uma data de coisas para as quais eu tinha os olhos fechados. E porque procuramos a porta nas paredes em que sabemos que não há porta, quase nos sentimos culpados de ser felizes, se é que isso existe… Mas estar aqui sentado já é uma vitória do caraças, sair para a rua, ver o sol.

(...)
Depois um tio, irmão da minha mãe, meu padrinho, fez-me uma assinatura da Nouvelles Littéraires quanto eu tinha 13 anos e logo no primeiro número vinha o poema do [Blaise] Cendrars, Les Pâques à New York. Fiquei varado, o que se pode fazer com as palavras! E achei-me uma merda. Tive tanto desprezo por mim. Agora tenho andado amargo porque não estou a gostar do que estou a fazer. Tenho um medo permanente de isto ter acabado. Se isto seca é uma gaita. O que é que eu faço? Não gosto de ir a bares, não gosto de estar com muita gente. Posso ler. Às vezes nos intervalos dos livros, são três, quatro meses; a gente lê oito horas por dia, mas ao fim de uma semana já está um bocado farta desse ritmo. Mesmo que só se leia o que se goste. Porque é que a literatura portuguesa é tão má?"

António Lobo Antunes

Linda Martini

©Paolo Pellegrin. KOSOVO. Town of Pristina. 2000




Há tanto tempo que nada acontece
E o mar não cresce para me enrolar, na sua afronta
Há tanto tempo que nada apetece
Já não aquece, é sempre devagar
Tudo se desmonta
Eu vou na volta em ti, traz-me de volta a mim
Pão de centeio, boca morta e língua tonta
Pão de centeio, boca
Vou na volta em ti, traz-me de volta a mim
O fado agora quer ser samba, soltar a corpo, perna bamba


Linda Martini

novembro 07, 2014


©Stuart Franklin MALAYSIA. Kepong Forest Reserve

PLAY Nils Frahm - Toilet Brushes

Um relógio e um pulso gasto.

Uma cama e um corpo morto.

Um cérebro e uma floresta de enganos.


novembro 01, 2014

©raquelsav.2014.Ponte.das.3.Entradas

PLAY Ornatos Violeta Como Afundar

Há pessoas que encontramos nas palavras. Também sei que há palavras que são lugares. E fixam-se palavras e palavras e palavras, que se vão tornando lugares, das pessoas, em nós.

No silêncio do lugar, a denúncia da ausência de rituais. Na viagem, no intervalo das coisas, na não-palavra, na casualidade - o vazio maior. 

Mas é a expectativa que torna tão longas as noites, os dias, e alheios os rumos da viagem. Porque a palavra, a verdadeira, sempre se revela na beleza das coisas que encontramos e a beleza, em defeito de partilha, adensa o vazio em nós.

Não tenho dúvida: quando a palavra não nasce mas renasce da memória, ainda que vazios, os lugares não deixam de o ser...  porque há palavras que são a ponte entre nós e o outro lado da vida, quando um mundo só não basta.


"Eu senti o amor tocar no avesso da saudade
E com ela a dor de não chorar
(...)
A noite entrou de passagem
Sem nos levar
Boa viagem
Boa viagem
E é como afundar nosso mundo em dor
E não querer acordar
E tu não vês?"