fevereiro 20, 2015

Tragam-me aguardente, Glória e Amor

Tragam-me aguardente, que eu quero esquecer!
    Quero hoje dissipar
em mim as criaturas todas e todo o tormento ­-
     e com isso como peixe e um pedaço de carne de porco!

Tragam-me glória, depois posso matar-me tranquilamente,
     antes que a minha alma cresça
e o meu cérebro orgulhoso inche
     e todos, boquiabertos, me julguem doido!

Tragam-me o vosso amor à mesa,
    que eu quero bebê-lo, flutuando no céu até muito longe,
cem canecas, mil canecas, todas as canecas do mundo ­
    assim no vosso amor quero afogar-me. 



Thomas Bernhard, 
Na Terra e no Inferno,  Assírio & Alvim, 2000