- Talvez um dia entendas que sempre foste fome e sede em estado terminal.
- Mais valia acabar com a vida.
- Ou com a morte: mais valia acabar com a morte.
- De qualquer forma, eu lá sou pessoa de entender!
- Nisso tens razão. Não és pessoa de entender, de viver, de morrer.
- Concordo.
- Nem parece teu. Desde quando? Desde quando és pessoa de concordar?
- Eu, agora, concordo com tudo.
- Ou com nada! Concordar com tudo é como concordar com nada.
- Talvez seja melhor magoares-me como quem me belisca.
- Eu? Eu não sou pessoa de magoar. Mas posso sempre gritar, tentar acordar-te.
- Eu adormeci eternamente.
- Adormeceste ou acordaste?
- Adormeci, no dia em que acordei, adormeci.
- Isso é porque não sabes romper com o passado.
- Já te disse que não acredito em passado.
- Acreditas e tudo o que sobra é cobardia: não queres é rompê-lo.
- Se eu acreditasse nele, saberia como o romper.
- A sério? E isso seria como?
- Com os dentes. Só se pode romper com os dentes.
- Até deixar marca?
- Sim, especialmente a marca. Até deixar sangue. Veia. Fractura exposta.
- Tão exposto assim, não há como fazê-lo passado.
- Por isso não acredito nele.
- Acreditas em quê, podes dizer-me?
- Não!
- Porquê?
- Porque vou mudificar.
- Agora até erros ortográficos dás?
- Não é erro, muito menos ortográfico.
- Modificar escreve-se com um O.
- Sim, um O tão redondo como tu: nunca aprenderás a ler para além da letra que aprendeste.
- E tu continuas fome e sede em estado terminal.
- Mudificar: acto de ficar muda.
- O quê?
- _______________________. -
[Gesticulo como quem puxa, imaginária e continuamente, um fio de palavras da garganta: fosse a torrente de pensamentos tão fácil de estancar].
- Definitivamente: fome e sede em estado terminal!
- Mais valia acabar com a vida.
- Ou com a morte: mais valia acabar com a morte.
- De qualquer forma, eu lá sou pessoa de entender!
- Nisso tens razão. Não és pessoa de entender, de viver, de morrer.
- Concordo.
- Nem parece teu. Desde quando? Desde quando és pessoa de concordar?
- Eu, agora, concordo com tudo.
- Ou com nada! Concordar com tudo é como concordar com nada.
- Talvez seja melhor magoares-me como quem me belisca.
- Eu? Eu não sou pessoa de magoar. Mas posso sempre gritar, tentar acordar-te.
- Eu adormeci eternamente.
- Adormeceste ou acordaste?
- Adormeci, no dia em que acordei, adormeci.
- Isso é porque não sabes romper com o passado.
- Já te disse que não acredito em passado.
- Acreditas e tudo o que sobra é cobardia: não queres é rompê-lo.
- Se eu acreditasse nele, saberia como o romper.
- A sério? E isso seria como?
- Com os dentes. Só se pode romper com os dentes.
- Até deixar marca?
- Sim, especialmente a marca. Até deixar sangue. Veia. Fractura exposta.
- Tão exposto assim, não há como fazê-lo passado.
- Por isso não acredito nele.
- Acreditas em quê, podes dizer-me?
- Não!
- Porquê?
- Porque vou mudificar.
- Agora até erros ortográficos dás?
- Não é erro, muito menos ortográfico.
- Modificar escreve-se com um O.
- Sim, um O tão redondo como tu: nunca aprenderás a ler para além da letra que aprendeste.
- E tu continuas fome e sede em estado terminal.
- Mudificar: acto de ficar muda.
- O quê?
- _______________________. -
[Gesticulo como quem puxa, imaginária e continuamente, um fio de palavras da garganta: fosse a torrente de pensamentos tão fácil de estancar].
- Definitivamente: fome e sede em estado terminal!