maio 05, 2016

"Mas as grandes almas precisam de legitimidade. Nas horas mais solitárias, sentem o rigor vertical do universo. E o homem de negócios, embora domine o mundo, admira a realeza, a aristocracia e o clero como suportes do irracional. Pois o que é legítimo é simples, como tudo o que é grande, e não precisa do entendimento. Homero era simples. Cristo era simples. Os grandes espíritos chegam sempre aos mais simples princípios; temos mesmo de ter coragem de dizer: a lugares-comuns da moral. Em suma, ninguém tem tanta dificuldade em agir contra a tradição como as almas verdadeiramente livres."

Robert Musil (1880-1942)
O Homem sem Qualidades, Dom Quixote, 2014 (4.ª Ed.)
(Trad. João Barrento)