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©raquelsav |
Há livros transformados em árvores de folha caduca, que se perdem no tempo em chão de prateleira cheia. Constam da infindável lista de espera para transplante. Aguardam, no órgão ansiado, o eterno retorno à ideia que os viu nascer, antes de o serem em folha-papel.
Eu espero com eles, a chegada desse dia, e lançarei ao vento cada uma das suas folhas mortas, para as ver renascer em essência. Um livro consubstancia-se na sua imaterialidade. Possui-lo apenas pode ser sinónimo de transportar o seu sentido, em alguma parte de nós, perto do sítio que nos faz ser.
O paraíso será, como na imaginação de J. L. Borges,
uma espécie de livraria. Mas de estante vazia, repleta de livros invisíveis, que concretizaram a metamorfose da crisálida de papel em borboleta de ideia, que encherão de movimento e cor - da palavra- o espaço outrora tão lotado, mas tão perfeitamente vago.
(um silêncio para a deixar voar)