agosto 27, 2014

©raquelsav
Há livros transformados em árvores de folha caduca, que se perdem no tempo em chão de prateleira cheia. Constam da infindável lista de espera para transplante. Aguardam, no órgão ansiado, o eterno retorno à ideia que os viu nascer, antes de o serem em folha-papel.

Eu espero com eles, a chegada desse dia, e lançarei ao vento cada uma das suas folhas mortas, para as ver renascer em essência. Um livro consubstancia-se na sua imaterialidade. Possui-lo apenas pode ser sinónimo de transportar o seu sentido, em alguma parte de nós, perto do sítio que nos faz ser.

O paraíso será, como na imaginação de J. L. Borges, uma espécie de livraria. Mas de estante vazia, repleta de livros invisíveis, que concretizaram a metamorfose da crisálida de papel em borboleta de ideia, que encherão de movimento e cor - da palavra-  o espaço outrora tão lotado, mas tão perfeitamente vago.

(um silêncio para a deixar voar)