agosto 11, 2014

José Tolentino Mendonça

@raquelsav

A voz solitária do homem

Há palavras que escrevemos mais depressa

o terror dessas palavras derruba
o passado dos homens
são tão pouco: vestígios, índices, poeira
mas nada lhes é desconhecido 
as horas em que vigiamos o escuro
os sítios nenhuns das imagens 
a ligeira mudança que resgataria
o abandono, todo o abandono 

José Tolentino Mendonça, 

Baldios, Assírio eAlvim, 1999