maio 11, 2014

Auto-retrato


PLAY James: "Five-O"

Há uns meses atrás escrevi:

A atitude fenomenológica de quem se auto-retata, de quem procura desprender-se de si e entender-se à (na) sua imagem.
A atitude pornográfica de quem, sorrateiramente, fotografa e expõe o momento em que o si se desprende:
- do ser em "corpo e alma" e se assume sob a forma de imagem;
- do que é para passar, também, a ser na imagem que constrói de si.
Mas a imagem é só uma e ilustra apenas um momento. Quantos momentos são necessários para nos definirmos? Quantos momentos deveremos assumir para passarmos a ser? 
O que permite, então, a fenomenologia entender quando reparte em momentos, em auto-retratos momentâneos, o todo? De quantos auto-retratos necessitamos para construir o álbum da nossa vida e torná-lo a expressão do nosso ser, um ser que se quer uno, mesmo após tanta partição?
Quanto desse ser construímos em função desse álbum que vamos compondo? Quanto dele podemos manipular para passarmos a rever-nos na imagem do que queremos ser e parecer?
Do que somos feitos afinal? Do que nascemos e construímos?
Questiono os direitos de autor, do autor dos nossos autoretratos que queremos preservar, da imagem, em si, que queremos manter pura e intocável enquanto nos vamos (re)definindo... como pode esse autor, que somos nós, libertar-se deste labirinto fractal de quem desenha o desenho e se vê e (re)vê nele, em espiral infinita?
(9/01/2014)

Alguns meses depois...

A questão não se prende tanto com o "ser" ou "não ser", mas antes com o "ir sendo" ou "não sendo"!