maio 31, 2014

talvez porque enquanto não houver bem que encha nem mal que negue, a sede dos dias seja maior. em cada regresso, a casa parece mais pequena. em cada regresso é cada vez menos casa. não há espelho limpo de existir sem máculas. no espelho a claridade ou a escuridão. na claridade, a fidelidade. na escuridão, a impureza da imagem. na face, o gume dicotómico do ser em objecto. no sorriso, a parte discreta em sujeito. a casa não cresce pelo tamanho do espelho. a casa não enche pela clareza da imagem. não há bem que a encha, nem mal que a negue. e a sede dos dias tem a forma da lua num quarto que nunca o foi.