- Sim, tens razão. Desculpa. Eu não faço ideia do que escreveste. Usei a palavra verborreias por mero exercício lexical. Enfim, para exercer o meu direito literário ao uso de palavreado acessório.
- Ah, afinal não sublinhas, apenas. Também escreves.
- Só escrevinho.
- És escritora?
- Não, deus me livre. Amo demasiado as palavras para querer ser escritora.
- Eu empresto-te o meu lápis, se quiseres. Este é dos que escreve.
- Esquece. Não preciso de criar matéria para exacerbar a minha mediocridade. Deixa-me ler o que escreveste.
- Não trouxeste os óculos.
- Eu não uso óculos.
- Claro que usas. Tu é que não sabes.
E li, sem óculos. Mastiguei a custo. Degluti em disfagia. Não engoli.
Senti que o tempo parou. Que parámos nós nele. Numa linha de tempo cru. Num espaço como nunca antes, real.
- Então, não sublinhas?
- Ordinário.
- Ah, afinal não sublinhas, apenas. Também escreves.
- Só escrevinho.
- És escritora?
- Não, deus me livre. Amo demasiado as palavras para querer ser escritora.
- Eu empresto-te o meu lápis, se quiseres. Este é dos que escreve.
- Esquece. Não preciso de criar matéria para exacerbar a minha mediocridade. Deixa-me ler o que escreveste.
- Não trouxeste os óculos.
- Eu não uso óculos.
- Claro que usas. Tu é que não sabes.
E li, sem óculos. Mastiguei a custo. Degluti em disfagia. Não engoli.
Senti que o tempo parou. Que parámos nós nele. Numa linha de tempo cru. Num espaço como nunca antes, real.
- Então, não sublinhas?
- Ordinário.