agosto 13, 2015

©Angelo (Funk Pál) Idõzavar, 1965 
POEMA
(para Mário Cesariny)

Moveu-se o automóvel - mas não devia mover-se
não devia!

Ontem à meia-noite três relógios distintos bateram:
primeiro um, depois outro e outro:
o eco do primeiro, o eco do segundo, eu sou o eco do terceiro

Eu sou a terceira meia-noite dos dias que começaram

Pregões de varina sem peixe
- o peixe morreu ao sair da água
e assim já não é peixe

Assim como eu que vivo uma VIDA EXTREMA

António Maria Lisboa (1928-1953)
Poemas, Biblioteca Editores Independentes (Assírio&Alvim), 2008