"Nunca o caminho percorrido é o mais acertado logo que reavemos a nossa capacidade de autocrítica e nos imaginamos pelo outro que não percorremos. O percurso que não fizemos é sempre melhor, e o melhor que teríamos feito, só porque se pensa que se se pensasse não se faria. Nós sabemos: somos um erro - mas a consciência disso isola-nos do erro alheio. Qualquer que seja a conduta humana não é falsa nem verdadeira - É (embora se possa pensar e sentir sempre errada).
António Maria Lisboa [1928-1953]
Assim, também, a existência do Universo não necessita de demonstração, porquanto ele existe e mesmo que não existisse, era assim que existia. A investigação deste Universo, de que falo, e há tal como o vou descobrindo e não como os outros o encontraram, fá-la-ei como me aprouver, sem ter que dar contas a ninguém, nem ter de pedir licença para o que possa dizer, pois desde o início é para mim mesmo que afirmo e que afirmo, antes de mais, para meu uso pessoal.
Não me peça, grandes explicações os que, tímidos, ignoram ou temem a afirmação exaltada, o erro e a verdade requerida; não me perguntem os timoratos pelos fundamentos das minhas afirmações, porque se perguntam é porque não são Livres! porque não Amam! Os que não afirmam não estão - fora disso não há ignorantes. A verdade não se pensa - sabe-se; o que se pensa é a explicação da verdade."
Não me peça, grandes explicações os que, tímidos, ignoram ou temem a afirmação exaltada, o erro e a verdade requerida; não me perguntem os timoratos pelos fundamentos das minhas afirmações, porque se perguntam é porque não são Livres! porque não Amam! Os que não afirmam não estão - fora disso não há ignorantes. A verdade não se pensa - sabe-se; o que se pensa é a explicação da verdade."
António Maria Lisboa [1928-1953]
in Edoi Lelia Doura: antologia das vozes comunicantes da poesia moderna portuguesa
organizada por Herberto Helder, Assírio&Alvim, 1985