vésperas palestinas
nestes lugares que rodeiam a cidade,
os homens são desencontrados vultos
que transportam um país estranho:
foram deixando os mortos para trás,
despojos de uma guerra que o luxo rasurou:
nas praias inclementes sobrevoam-nos gaivotas
cuja fome é a sombra de um dia sem poeira;
nestes lugares cercados pela cidade,
abriga-se um deus que desconhece
o longo entardecer da eternidade
aqui, todos os dias são ínfimas viagens
e o teu nome vem nos outros nomes
como um emigrante clandestino
Rui Nunes
Ofício de Vésperas, Relógio D'Água, 2007
nestes lugares que rodeiam a cidade,
os homens são desencontrados vultos
que transportam um país estranho:
foram deixando os mortos para trás,
despojos de uma guerra que o luxo rasurou:
nas praias inclementes sobrevoam-nos gaivotas
cuja fome é a sombra de um dia sem poeira;
nestes lugares cercados pela cidade,
abriga-se um deus que desconhece
o longo entardecer da eternidade
aqui, todos os dias são ínfimas viagens
e o teu nome vem nos outros nomes
como um emigrante clandestino
Rui Nunes
Ofício de Vésperas, Relógio D'Água, 2007