abril 29, 2016

[#8] palimpsesto

- Deus só podia estar muito entediado.
- No dia em que foste concebida?
- Tens uma piada. Não! No dia em que inventou este lugar.
- Porquê?
- Porquê? Ainda perguntas porquê? Ele só pode ter inventado a Conservatória do Registo Civil no intervalo entre a criação do herpes e das hemorróidas.
- Só tu!
- Só eu? Já deste conta do tempo que passou?
- Para ser franco, não. Deixas-me escrever?
- Desculpa, eu calo-me.

PFuuuu - suspiro fundo e longo de tédio, esclareça-se- Há quem escreva. Eu prefiro pensar. Quantas correntes de pensamento interrompo com o acto da escrita? Escrever é uma forma de atrasar o pensamento. Musil cria a figura de um bibliotecário que nunca leu um livro mas que sabe tudo sobre os milhares de livros que organiza - importante é ter uma ideia geral, diz, lê-lo seria perder-se no seu conteúdo. Possivelmente, também ao pensamento interessa a ideia geral. Compreendê-lo seria pará-lo, esmiuçá-lo, perder a sua forma, em detrimento de um micro-contorno, impedi-lo de andar. E escrever é sempre uma forma de compreender o pensamento. Mas uma coisa é certa, o André escreve que se desunha. Adoro quando posso aplicar a palavra desunha numa frase, quase tanto como resvalar.

- A sério, desunha?
- Esqueço-me do teu dom. Isso funciona a quantos metros de distância?
- Quanto mais perto melhor. Queres experimentar sentar-te ao meu colo?
- Ao teu colo? Na Conservatória?
- Era um bom título para um filme pornográfico.
- Pois eu não acho que o disfarce de funcionária da Conservatória tenha grande interesse.
- E o que é que tem interesse, para ti?
- Muita coisa.
- Diz lá.
- Depenar patos com parafina.
- O quê?
- Estou a pensar como é que se depenam patos com parafina. Será que se banha o pato por inteiro ou se borrifa o bicho de parafina?
- Não faço ideia, mas se acendesses o isqueiro ficava depenado e tostado de uma vez só.
- Acho que não percebes nada de depenar patos.
- Pois não, eu só sei depenar mentes.
- No teu colo?
- O pato?
- Sim, o pato.
- Mas por que te interessa depenar patos com parafina?
- A mim? Nada! Eu até sou vegetariana.


©raquelsav | "Sarrado" | Abril2016
PLAY At-Tambur | D. Fernando

abril 28, 2016

Sentiu falta de sentir falta

©raquelsav | "Sarrado" | Abril2016

abril 27, 2016

berlin alexanderplatz - was deine arme halten
(DER LESER HAT KEIN HERZ)
I
Je veux que ce bras durci ne traîne plus
une chère image.
(Rimbaud)
der arm soll endlich loslassen, der arm
soll nicht mehr länger etwas halten,
der arm soll nicht so tun, als gäb es
etwas anderes für ihn, für alle etwas besseres.
der arm soll sich in die geschicke fügen.
der arm soll von dem schönen bilde lassen.
der arm soll nicht mehr länger schleppen.
der arm soll alles fahren lassen. (...)

berlin alexanderplatz - o que os teus braços abraçam
(O LEITOR NÃO TEM CORAÇÃO)

I
Je veux que ce bras durci ne traîne plus
une chère image.
(Rimbaud)
o braço deve enfim largar, o braço
deve deixar de se abraçar às coisas,
o braço não deve fingir
outra coisa para ele, para todos algo de melhor.
o braço deve conformar-se com a sina.
o braço deve largar a imagem bela.
o braço não deve carregar mais.
o braço deve abandonar tudo. (...)

Monika Rinck | VERSschmuggel [contrabando de VERSOS] | Aurélie Mauri/Thomas Wohlfahrt | Wunderhorn- Editora 34 - Sextante Editora | 2009
 
© Pawel Kuczynsk

PLAY Björk | Vökuro

abril 23, 2016

 "Aqueles que se comprazem na companhia das grandes coisas - e entre eles contam-se, naturalmente, as grandes almas, para as quais as pequenas coisas não existem- vêm a sua vida interior ser esvaziada e transformada numa imensa superficialidade."
 
Robert Musil (1880-1942) | O Homem sem Qualidades | Dom Quixote | 2014 | 4.ª Ed.
(Trad. João Barrento)
"Mas para quê procurar palavras para coisas que não estão no caminho das palavras?"
 
Robert Musil (1880-1942) | O Homem sem Qualidades | Dom Quixote | 2014 | 4.ª Ed.
(Trad. João Barrento)

abril 19, 2016

#1

Não sei como aguardar, nesta urgência de inédito. Também eu gostaria de gritar a liberdade, mas há sempre uma linguagem que sustém os nossos medos. No forro da frustração, guardamos o grunho que queremos emitir. Com ele, a fronteira da nossa humanidade.  Mas nem sempre somos assim tão capazes. Tão predispostos a baixar o nosso preço.  Por isso, nos referimos em terceira pessoa, como se uma ligeira precaução doseasse a linguagem que nos toca.

Negociamos mais cem palavras. E, ao desbarato, compramos cinco mil pelo preço de uma. Mas fazemos mau negócio. Só o descobrimos quando fechamos a porta de casa. Quando sentimos aquele vazio pela compra inútil que fizemos, tão compulsivamente. São somente palavras, concluímos, palavras que não sabemos usar. São palavras sem ideias. Lamentamos a energia que gastámos a tentar compreendê-las.

Um dia, enchi-me de coragem e vesti a camisola. Nela  trazia escrito, preto no branco (ou branco no preto, não sei): "troco mil palavras por uma ideia". Mas o melhor que consegui, até hoje, foi um sorriso e uma proposta indecente, imoral. Aceitei os dois, sem reservas. E voltei a vestir a camisola. Sempre nos foi dito que temos de saber vestir a camisola. E eu não entendo nada de moda. Não entendo nada desta ânsia de se desnudar para mostrar o vazio.

Nesta época de crise, em pura economia de palavras, não sei por que nos demos ao diálogo extensivo. Mas ainda questiono a natureza do nosso encontro, meramente ocasional, dizemos. Assim respiramos melhor, sem atropelos. Não sei, um encontro e mais de mil palavras trocadas, não deveria ser coisa para mudar uma vida. Mas foi.

Está tudo tão certo e errado. Por não entendê-lo, já não falo de nós. Não há nada que consiga acrescentar. Também não falo de mim. Não saberia como. Quando muito, falo dos corpos que em mim repousaram. Sim, quando muito, falo de mim nos corpos deles.

Mas não escondo, que no silêncio dos dias escuros, falo de mim em ti. Guardo as palavras, que só uso nessa ocasião, numa pasta chamada "Eu, Tu e o Mundo, como um Cancro em Nós".

Sabes, tudo deixou de ser puro. A doença alastrou. Já não sei como viver, entregue a este corpo esquecido e a este cancro que nos consome as entranhas. Tudo, em mim, deixou de ser sagrado.

Por respeito, não evocarei o teu nome em vão. E assim farei, enquanto vestir a camisola. Estou certa de que o silêncio é a melhor morada para os nomes puros.

Radiohead | Ok Computer | Fitter Happier

abril 18, 2016

fico aguardando telegramas, os azuis
recados.
os poderes da manhã já pouco duram.
à superfície o som move na boca

um pouco sopro.
não julgues que me importam as roldanas
do tempo no teu corpo

são certos os abismos de cartão
e falsa a neve que nos cobre os passos.
de graça a terra nos dispõe na foto
e a idade inventa nomes que a dissipem

descobre-me impacientes os recados
o envelope da urgência o intervalo

António Franco Alexandre | A pequena face | Assírio&Alvim | 1983
"Que peso tinha então, comparado com vivências de tal amplitude e profundidade, o vulgar amor físico por uma mulher? Arnheim teve de admitir com tristeza que pesava tanto como a constatação, que resumia toda a sua vida, de que todos os caminhos do espírito partem da alma, mas nenhum lá regressa! É certo que muitas mulheres tinham desfrutado de relações íntimas com ele, mas, quando não se tratava de naturezas parasitárias, eram mulheres activas, cultas, ou artistas, pois com estes dois tipos, as mulheres por conta e independentes, era possível um entendimento claro. As exigências morais do seu carácter tinham-no levado sempre para relações em que o instinto e os inevitáveis conflitos que a ele se ligam eram contidos dentro de limites razoáveis. Mas Diotima era a primeira mulher que atingia a sua vida mais secreta, para lá dos limites da moral, e por isso ele a olhava por vezes com uma certa inveja. Afinal ela não era mais do que a esposa de um funcionário, do melhor estilo, é certo, mas sem cultura humana superior que só o poder confere, e ele estava em condições de aspirar à filha de um magnata americano ou da alta aristocracia britânica, se quisesse casar-se. Havia momentos em que sentia renascer em si os primeiros conflitos do quarto de criança, um orgulho infantil ingenuamente cruel ou o choque da criança de boas famílias que é levada pela primeira vez à escola pública, de tal modo que a sua paixão crescente lhe parecia uma ameaça vergonhosa. E quando, nesse momento, regressava aos negócios com a superioridade gélida só possível num espírito morto para o mundo renascido, a fria razão do dinheiro, imune a qualquer contaminação, surgia-lhe como um poder extraordinariamente puro, quando comparado com a força do amor.
    Mas isso significava apenas que chegara para ele a hora em que o prisioneiro não compreende como pôde deixar que lhe tirassem a liberdade sem se defender até à morte. Na verdade, quando Diotima dizia "Que são os acontecimentos do mundo? Un peu de bruit autour de notre âme..." - nesses momentos sentia que todo o edifício da sua vida estremecia.
 
Robert Musil (1880-1942) | O Homem sem Qualidades | Dom Quixote | 2014 | 4.ª Ed.
(Trad. João Barrento)

abril 15, 2016

©Irving Penn | Photo of Igor Stravinsky | 1948
"Só as palavras rompem o silêncio, tudo o resto se calou. Se eu me calasse, não deixaria de ouvir fosse o que fosse. Mas, se eu me calasse, voltariam outros ruídos, os ruídos que as palavras não me deixam ouvir, ou que deixaram realmente de se ouvir. Mas calo-me, acontece, não, nunca, nem por um segundo. Também choro, sem parar. É uma torrente ininterrupta, de palavras e lágrimas. Tudo sem reflectir. Mas falo mais baixo, de ano para ano um pouco mais baixo. Talvez. Mais devagar também, de ano para ano mais devagar. Talvez, não dou conta. As pausas seriam portanto mais longas, entre as palavras, as frases, as sílabas, as lágrimas, confundo as palavras com as lágrimas, as minhas palavras são as minhas lágrimas, os meus olhos são a minha boca. E deveria ouvir, a cada breve pausa, se há silêncio como eu digo, ao dizer que só as palavras o rompem. Mas não, é sempre o mesmo murmúrio, fluido, sem hiato, como uma única palavra sem objectivo e portanto sem significado, porque é o objectivo que dá significado às palavras. Sendo assim, com que direito, não, desta vez sei onde quero chegar, e paro, dizendo, Nenhum, nenhum."

Samuel Beckett (1958) | Novelas e Textos para Nada | Assírio&Alvim | 2006

abril 13, 2016

©Marijpol | #Marijpol | Ferien im Sumpf | Avant-Verlag | 2014

"Senti neste momento, com uma certeza que não deixou de ser dolorosa, que nem no próximo ano, nem no seguinte, nem em mais ano nenhum da minha vida, escreverei um livro, quer latino, quer inglês: e isto pela razão estranha e penosa que a infinita superioridade do seu espírito saberá, com um olhar não obscurecido, situar no lugar o que lhe pertence no reino dos fenómenos do corpo e do espírito, aberto harmoniosamente perante si: quero dizer que a língua em que me seria, talvez, dado não apenas escrever mas pensar, não é nem o latim, nem o italiano, nem o espanhol, mas uma língua de que não conheço uma só palavra, uma língua com que as coisas mudas me falam e na qual deverei talvez um dia, do fundo da campa, justificar-me perante um juiz desconhecido."

Hugo von Hofmannsthal (1901) | A carta de Lorde Chandros | Relógio D'Água |2015
©SóniaOliveira

#DavidSoares |  O poema morre  | Kingpin Books | 2015

©Luis Quiles
"Hoje, é cada vez mais difícil "ser-se si próprio", descobrir um espaço de diferença para o seu idioma, o seu estilo e a sua sensibilidade. Sob a pressão do êmbolo dos meios de comunicação e da publicidade, até mesmo os nossos sonhos se uniformizaram. Como o pão que comemos, grande parte da nossa existência chega-nos pré-confeccionada. Só em segredo cada um de nós celebra a insolente maravilha de si próprio, só em segredo respiramos - ó enigma da sensualidade! - o cheiro da nossa própria sujidade."

George Steiner (1968)
Extraterritorial, Relógio D'Água, 2014

abril 12, 2016

" Agora, agora têm para isso de nascer palavras como flores."

Brot und Wein (An Heinze)

5
Unempfunden kommen sie erst, es streben entgegen
   Ihnen die Kinder, zu hell kommet, zu blendend das Glück,
Und es scheut si der Mensch, kaum weiss zu sagen ein Halbgott,
   Wer mit Namen sie sind, die mit den Gaben ihm nahn.
Aber der Mut von ihnen ist gross, es füllen das Herz ihm
    Ihre Freuden und kaum weiss er zu brauchen das Gut,
Schafft, verschwendet und fast ward ihm Unheiliges heilig,
   Das er mit segnender Hand törig und gütig berührt.
Möglichst dulden die Himmlischen dies; dann aber in Wahrheit
   Kommen sie selbst und gewohnt werden die Menschen des Glücks
Und des Tags und zu schaun die Offenbaren, das Antlitz
   Derer, welche, schon längst Eines und Alles genannt,
Tief die verschwiegene Brust mit freier Genüge gefüllet,
   Und zuerst und allein alles Verlangen beglückt;
So ist der Mensch; wenn da ist das Gut, und es soget mit Gaben
   Selber ein Gott für ihn, kennet und sieht er es nicht.
Tragen muss er, zuvor; nun aber nennt er sein Liebstes,
   Nun, nun müssen dafür Worte, Wie Blumen, entstehen.       


Pão e Vinho
5
Vêm primeiro sem serem sentido, as crianças correm
   Ao seu encontro; por demais clara e ofuscante a ventura,
E o homem tem medo; e mesmo um semideus mal sabe dizer
   Quem são pelos nomes os que deles se aproximam c'os dons.
Mas grande é a coragem que eles dão, enchem-lhe o coração
   As alegrias deles e ele mal sabe usar dos bens,
Cria, esbanja, e quase faz sagrado o que o não é,
   Porque o toca, louco e bondoso, co'a mão que abençoa. 
Sofrem os deuses isto quanto podem; mas então em verdade
   Vêm eles mesmos, e os homens à ventura se afazem
E à luz, e a contemplar os deuses manifestos, a face
   Daqueles que, há muito chamados já o Um e o Todo,
Encheram fundo de livre abastança o peito silente,
   E primeiro e sós satisfizeram toda a aspiração;
Assim é o homem; quando os bens 'stão presentes, e mesmo um deus
   Cuida dele com os dons, não o conhece nem vê.
Tem de sofrer, primeiro, mas agora nomeia o que mais ama,
   Agora, agora têm para isso de nascer palavras como flores.     


Hölderlin (1770 - 1843)
Poemas, Relógio d'Água, 1991
NACH DEM LICHTVERZICHT:
der vom Botengang helle,
hallende Tag.

Die blühselige Botschaft,
schriller und schriller,
findet zum blutenden Ohr.

AFTER THE LIGHTWAIVER:
the day, bright, re-
sounding from the errand.

The flowersome message,
shriller and shriller,
finds to the bleeding ear.

Paul Celan
Eingedunkelt in
Breathturn into timestead: the collected later poetry, FSG, 2014
(Translated by Pierre Joris)

abril 08, 2016


Samuel Beckett em Berlim, 1969

"Hoje, temos motivos para supor que Samuel Beckett é o escritor por excelência, no qual outros autores dramáticos e outros romancistas descobrem o reflexo concentrado dos seus combates e privações. Monsieur Beckett é métier - até à última fibra do seu ser compacto e esquivo. Não há nele um único movimento perceptivelmente inútil, um único gesto de ostentação, uma única concessão - ou, pelo menos, concessão detectável - ao ruído das imprecisões do mundo."

George Steiner (1968)
Extraterritorial, Relógio D'Água, 2014

abril 07, 2016

Brot und Wein (An Heinze)

3

Auch verbergen umsonst das Herz im Busen, umsonst nur
    Halten den Mut noch wir, Meister und Knaben, denn wer
Möcht es hindern und wer möcht uns die Feude verbieten?
    Göttliches Feuer auch treibet, bei Tag und bei Nacht,
Aufzubrechen. So komm! dass wir das Offene schauen,
    Dass ein Eigenes wir suchen, so weit es auch ist. (...)


Pão e Vinho
3

Em vão escondemos também o coração no peito, em vão
    Mantemos o ânimo ainda, mestres e meninos, pois
Quem quereria impedi-lo e quem quereria impedir-nos a alegria?
    Fogo divino incita também, de dia e noite,
A partir. Vem, pois! pra contemplarmos o espaço aberto,
    Para buscarmos algo do próprio, por longe que esteja.(...)


Hölderlin (1770 - 1843)
Poemas, Relógio d'Água, 1991

abril 05, 2016

"Podemos começar pela singular predilecção que o pensamento científico tem por explicações mecânicas, estatísticas, materiais, às quais, poderia dizer-se numa imagem, foi arrancado o coração. Ver na bondade apenas uma forma especial de egoísmo; relacionar as emoções com secreções internas; constatar que o ser humano é formado, em ou nove décimos, por água; explicar a célebre liberdade moral do carácter como apêndice mental automático do comércio livre; atribuir a beleza a uma digestão fácil e a bons tecidos adiposos; reduzir a procriação e o suícidio a gráficos anuais que mostram como necessidade aquilo que parece ser a mais livre das decisões; estabelecer afinidades entre o êxtase e a demência; equiparar o ânus e a boca, como extremidade rectal e oral da mesma coisa...: este tipo de concepções, que, por assim dizer, põem a descoberto o truque por trás do passe da mágica das ilusões humanas, contam sempre uma espécie de preconceito favorável que as faz passar por particularmente científicas. O que aí amamos é, de facto, a verdade; mas à volta desse amor nu há um gosto pela desilusão, a violência, a inexorabilidade, a fria intimidação e a seca admoestação, uma maliciosa predilecção, ou pelo menos uma involuntária emanação emocional desse tipo.
     Por outras palavras, a voz da verdade vem acompanhada por um ruído suspeito, mas aqueles a quem ela mais directamente diz respeito não querem ouvir falar disso.
 
Robert Musil (1880-1942)
O Homem sem Qualidades, Dom Quixote, 2014 (4.ª Ed.)
(Trad. João Barrento)